segunda-feira, agosto 27, 2007


Eu, o sonho e a vida

Eternas me pareceram as noites
Que percorri na ânsia de encontrar
Algo cuja memória já não alcançava;
Procurava incessantemente o nada,
Perdido como um naufrago em alto mar.

Vejo hoje a alvorada resplandecente,
Coberta de vida e algo mais,
Algo que não poderei traduzir por palavras,
Apenas o coração e a alma o sente.

Quero ser mármore branco!
Esculpir-me com as mãos que inventei,
Sem esquecer que a perfeição
Não é mais que uma ingénua ilusão
De quem vive para os outros,
Os mesmos que nos irão esquecer…

Não poderei ser eu
Sem aprender a ver o encanto
Perdido no que dizem ser feio;
O olho que não vê por receio
Perde-se no que é superficial,
Na camada exterior,
A mesma que esconde a verdadeira essência.

Quero ir além das aparências!
Dar forma aos sonhos,
Libertar-me das amarras do preconceito
Sem recear do que os outros pensam
Para que não hajam barreiras
Entre mim, o sonho e a vida…

quinta-feira, agosto 23, 2007


Noite de Mudança

Esta noite não irei sonhar;
Procurarei aquele sono profundo
Tão meu como a dor de acreditar
Que um dia serei parte deste mundo.

O mundo gira e cresce,
Gira de novo e envelhece;
O mundo é a peste
De quem nele nasceu
Simplesmente para morrer…

Esta noite não irei chorar
O eterno sal das tempestades;
Não me deixarei embater neste mar
Tão negro, tão frio como lajes.

O mundo gira e torna a girar,
Sempre igual, sempre diferente;
Gira de novo, finge que é gente,
Albergando a hipocrisia
Coberta por uma suave mentira.

Esta noite irei selar as mágoas
Para que nesta vida criança
Passem outras cores, outras águas…
Esta é a hora da mudança!

O mundo gira mais uma vez
E aceita fados sem porquês;
Gira louco e vão
Sem alma ou coração.
Enquanto gira, eu ficarei atento…

…talvez aprenda algo…

terça-feira, agosto 14, 2007

O Sem Nome

Eu sou um sem nome,
Viajante das terras adormecidas
Onde sonhos e mórbidos pesadelos
No segredo habitam;

A solidão levou-me
Por memórias esquecidas
E mostrou-me os medos
Que aprisionara na escuridão.

Perco-me por labirintos obscuros
Traçados pelo fracasso de uma vida vã;
Apenas se ouvem sussurros
De almas sem amanhã…

Caminho pela noite negra,
Sem lua, sem estrelas,
Sem luz, sem esperança
Nem presságios de bonança…

Eu sou aquele que se perdeu,
Vagabundo e louco,
Na fé de outros tempos
E que agora se deixa morrer;

Lembro quem me prometeu
Da vida mais um pouco
Que breves momentos;
A promessa de renascer…

A chama ardente
Lentamente se afoga
Nas cinzas humedecidas
Pelas lágrimas perdidas!

Eu sou um sem nome,
Ser do esquecimento,
Aquele a quem o amor repugna
Pela dor e sofrimento…