Palavras Pequenas
A vida do gato boémio persegue-me enquanto durmo. Aquela sensatez bebida de quem se esconde no próprio grito já não me intriga, é ver o orgulho ferido quando o relembro entregue à melancólica melodia que trazia nos lábios, a cobrir os olhos com as mãos frias, que me faz as palavras de inocente simpatia.
Soube que nasceu sem nome. Cada um deu-lhe o que quis (diz ter muitos). Mostrou-se como gato boémio com letra pequena num guardanapo de papel com café. As palavras são pequenas, como eu, num papel onde se limpa a boca que os outros sujam e amachucam e deitam fora. O café é para dar genica ao pulso.
Não é o nome a forma que atribuímos à face da lua? A simplicidade desses signos, a ligeireza para uns, a grandiosidade para outros, apenas a vontade de um sentido. Tudo o que as mãos não sentem esconde-se nessa máscara de porcelana, tão bela, brancura pálida coberta de uma de muitas cores, um traço por cada sonho.
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