Eu e as palavras
Como poderei ter esquecido as palavras, mesmo antes de verdadeiramente as conhecer, se delas faço parte como um todo, como o simples ar que respiro? Talvez desconheça o meu próprio sentido e tenha, assim, renunciado à interpretação obscura dos pensamentos vertidos de uma alma inquieta, para que não me reveja na sua essência, nesse auto-flagelo. Na tentativa frustrada de projectar nos outros essa imagem pálida e baça, reconheço o excessivo drama enaltecido por emoções e sentidos que só as palavras descortinam em jeito poético.
É a poesia em mim um fervilhar de coisa nenhuma, o magma nas artérias sob uma crosta de pó e areia, de questionável valor, uma exposição amontoada de razões desprovidas de razão, de loucura (in)consciente, de uma vontade de vomitar tormentos insignificantes, um quase sufoco no próprio líquido amniótico. Num mero acaso, o rasgar da placenta, das vísceras e da carne. Libertar-me, num mero acaso.
Sou o meu próprio inimigo. E o Mundo é a minha pequena masmorra.
Como poderei ter esquecido as palavras, mesmo antes de verdadeiramente as conhecer, se delas faço parte como um todo, como o simples ar que respiro? Talvez desconheça o meu próprio sentido e tenha, assim, renunciado à interpretação obscura dos pensamentos vertidos de uma alma inquieta, para que não me reveja na sua essência, nesse auto-flagelo. Na tentativa frustrada de projectar nos outros essa imagem pálida e baça, reconheço o excessivo drama enaltecido por emoções e sentidos que só as palavras descortinam em jeito poético.
É a poesia em mim um fervilhar de coisa nenhuma, o magma nas artérias sob uma crosta de pó e areia, de questionável valor, uma exposição amontoada de razões desprovidas de razão, de loucura (in)consciente, de uma vontade de vomitar tormentos insignificantes, um quase sufoco no próprio líquido amniótico. Num mero acaso, o rasgar da placenta, das vísceras e da carne. Libertar-me, num mero acaso.
Sou o meu próprio inimigo. E o Mundo é a minha pequena masmorra.
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