É engraçado o facto de nunca nos perguntarem o que queremos. De forma cordial e cortês, muitas vezes um “o que deseja?” ou “em que lhe poderei ser útil?”, é um quase que se baseia na satisfação de um desejo fútil, orgânico, algo do género (não me ocorrem ideias melhores). Mesmo que a pergunta seja “o que queres?” é sempre colocada no limiar da vontade, servida à simplicidade de uma escolha que, provavelmente, nunca chega a ser sincera para nenhum dos intervenientes. Gostava, mesmo muito, que me perguntassem o que quero, uma pergunta vinda das profundezas humanas, onde tantos morreram nessa tentativa inexequível de a alcançar, que faria os olhos brilharem à semelhança dos de uma criança feliz no dia de Natal (sublinho o facto de criança feliz pois nem todas o são, ainda que com a menção natalícia – palavra feia). Fracos. Mas como “querer é poder”, provavelmente é esse o motivo para que não se permita tal luxo, essa predisposição de satisfazer a vontade do outro, ainda que a justificação advenha do facto de que, o poder, é uma coisa ruim quando nas mãos erradas. Para mim não há mãos certas ou erradas, há simplesmente mãos. E o lado humano desse membro, esse sim, é aterrorizador.
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