domingo, janeiro 16, 2011


De casaco e vício nos lábios, lembrei-me de pisar a calçada apressada; talvez pelo ar frio e ideias quentes.
Entrei numa cyber loja de conveniência. Depois das lojas chinesas, tornaram-se “moda” a crescer como humidade nas velhas ruas de Lisboa. Não me choca, ainda que já tenha contado, num perímetro de 300 metros da minha residência, quatro desses convenientes postos de venda, abertos horas incontáveis. Não me choca serem exploradas por uma outra nacionalidade, onde chegamos a ver esposas fieis ao lenço ou à burca. Chocou-me, entrar, e ver duas fileiras de pc’s, em caixas individuais, semelhantes àquelas em que exercemos o dever de voto, cada uma ocupada por um cidadão, cada cidadão mais diferente, ou semelhante a si mesmo, que o anterior. Desde o teenager com tendências góticas, ao padrão da senhora de meia idade embrulhada no seu roupão, todos dobrados sobre os seus corpos adormecidos.
Paguei e saí Quando julguei não ser pior, um bar “aneonizado”, a meia luz e som, que deixava espreitar um corrido balcão adornado de monitores, ratos e teclados, com um certo "cyber glamour".
Será o que dizíamos futuro, ontem? Ainda que adepto de comunidades virtuais, sóbrio, será uma espécie de tentativa de pegar nessas tendências e exteriorizá-las? Se o progresso é “virtualizar” o sonho, porque não torná-lo real?
Regressei, ofegante, e alimentei-me do meu orgulho.

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