terça-feira, abril 19, 2011
domingo, abril 10, 2011

Saberia esconder-me no sussurrar do vento, na dança que provoca no verde das árvores que enchem os olhos de quem nada tem se não ás palavras que lhe oferecem, mendigas.
Sentei-me de costas para o mundo, só pelo prazer de me surpreender à sua mudança no momento em que decidisse partir. Entretanto, satisfaço-me com as vozes que se diluem entre si, nas suas vidas distantes, tão indiferentes como eu o sou.
Minto quando as tomo como indiferentes. Procuro nelas a familiaridade de fazerem parte de mim. A cada instante sou a fantasia de me aproximar delas e tocar-lhe como me tocam. No Horizonte procuro a semelhança de outros dias, dos quais faço hoje o luto do meu silêncio, na esperança de que, quando me voltar, já o mundo de ontem tenha sucumbido.
A metamorfose vem de dentro, com o desejo de rasgar o túmulo em que se encarcera o desejo da mudança. Não o fazer é sufocar lentamente, até morrer…
terça-feira, abril 05, 2011

Não sei onde te perdi,
Como me achei, mergulhado
Nessa tua sede sem vontade.
Nos vidros lambidos
De uma janela, desenham-se
Sombras sem gente
Iguais ao medo que se sente
Quando se desconhece.
Erro a memória, incógnito
E tudo o que oiço são gritos
Silenciados pelo pudor,
E tudo o que vejo são portas
Trancadas pela ignorância,
E tudo o que sinto é o ardor
De fracos desejos e horas mortas;
Não é ódio ou rancor
A roer-me a consciência, é outra dor,
Não a tua sede, não a minha fome
É qualquer jeito semelhante
Das coisas que finjo ser.
Céus sem cor flúem-me
Outros véus de efémera elegância
A morrer na minha história:
O prazer de não me ser…
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