Saberia esconder-me no sussurrar do vento, na dança que provoca no verde das árvores que enchem os olhos de quem nada tem se não ás palavras que lhe oferecem, mendigas.
Sentei-me de costas para o mundo, só pelo prazer de me surpreender à sua mudança no momento em que decidisse partir. Entretanto, satisfaço-me com as vozes que se diluem entre si, nas suas vidas distantes, tão indiferentes como eu o sou.
Minto quando as tomo como indiferentes. Procuro nelas a familiaridade de fazerem parte de mim. A cada instante sou a fantasia de me aproximar delas e tocar-lhe como me tocam. No Horizonte procuro a semelhança de outros dias, dos quais faço hoje o luto do meu silêncio, na esperança de que, quando me voltar, já o mundo de ontem tenha sucumbido.
A metamorfose vem de dentro, com o desejo de rasgar o túmulo em que se encarcera o desejo da mudança. Não o fazer é sufocar lentamente, até morrer…
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