São Pobres, Senhor
Pobres daqueles que vivem no silêncio
E que se entregam à dormência do pensamento
Com medo de represálias alheias
À fuga de um padrão que dizem ser normal.
Mas estes lábios não se serrarão
Em silêncios ou brandas securas,
Porque maior que o erro de falar sem receio
É viver na penumbra do Mundo;
E não me venham com aquela imagem
De simpatia cínica e cordial,
Porque de putas de sorriso de punhal
Estou eu agoniado até às tripas!
Há mais penúria de inteligência
Que de dinheiro ganancioso;
Esta não acalma a fome física
E a outra, coitada, é esquelética.
Mas não percamos a grande fé!
Oremos ao Senhor (seja ele quem for)
Que dar-nos-á alento para sobreviver
Já que viver parece muito.
Somos pobres, pobrezinhos escanzelados,
Pequeninos e de voz medrosa,
Provincianos de cidades sujas,
Nunca tão sujas como o nosso carácter.
1 comentário:
Gosto desta escrita mais no osso, da vontade de evitar o que é fácil. Bjs
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