O meu corpo num ritmo incerto:
O mármore tosco e sem brilho
Por fracas mãos esculpido
Na cegueira do desespero;
E estes olhos de terra
Mais não são que a janela aberta
Para a fonte da fantasia;
Meios lábios anseiam a doçura apimentada
Que apenas os deuses conhecem:
De ti (do teu gosto) carecem,
Mas no Olimpo te escondes.
O teu corpo – num gesto discreto:
Do melhor mármore criado,
Pelos deuses sabiamente trabalhado
À melhor luz do mundo;
E esses olhos de mel,
São doces mas sabem a fel!
Quase que matam de tentação;
Teus lábios de gosto agridoce
Ainda meus sonhos fazem delícias,
Mas o corpo pede carícias
Que no tempo se perderam…
(Mas)
Farei das mágoas as pedras
Para erguer o meu tributo,
Das lágrimas o encanto das fontes
E dos medos medonhas feras,
Guardiãs deste meu túmulo.
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