Miragens Incompletas
Tenho gelo nas mãos e o fogo no corpo, mas nada sei do que é ser gente.
Sou o mar e o seu infinito;
A espuma salgada e quente:
Sede de me afundar inconsciente
Na gargalhada de ser menino.
Sou a Lua e o negro céu
Com pirilampos que pairam em fantasia
Sobre sonhos e memórias de um dia
Em que de medos se soltou o véu.
A flor queimada com lágrimas de fada
Num cenário de mármore frio
A arranhar a temperança da alma
Num túmulo abandonado e vazio.
Nada disto é ser gente. É qualquer coisa imaginada. O gelo derrete nas mãos e fere os dedos finos. Um dia serão enrugados e secos. O fogo vacila a sua chama sem ter por onde arder. Um dia gelará, perdendo-se na neblina da madrugada.
Cantaram deuses e ninfas embriagadas
Entre danças e desejos descuidados;
Esfomeados infortúnios, coisa pouca,
Deram vida a uma mente louca.
Embriagado de sonhos que a vida entoa,
Dança de olhos serrados e corpo suado
(quente e salgado, tanto que enjoa).
Cantaram deuses e ninfas embriagadas
Entre danças e desejos descuidados;
Esfomeados infortúnios, coisa pouca,
Deram vida a uma mente louca.
Embriagado de sonhos que a vida entoa,
Dança de olhos serrados e corpo suado
(quente e salgado, tanto que enjoa).
A música atenua os meus sentidos e o corpo estende-se no mar azul. Apetece sentir a areia fresca e o calor do Sol. Os cabelos molhados e o gosto salgado na pele e nos lábios.
BEIJA-ME!
O rádio a tocar, e o corpo balança na gravidade da Lua. Quero gargalhadas e gelados de caramelo e chocolate intenso; uma esplanada cheia, um pôr-do-sol e as estrelas.
Estou a dormir consciente:
O céu é púrpura que se move
E na mesma não sou gente,
Apenas um grito de fome;
Rasgos de infância criativa
Com lápis-de-arco-íris
E nuvens brancas numa folha…
…mas, por vezes, cinza apenas…
Agora quero repousar naquele mundo que inventei em tempos ingénuos. Quero nuvens de algodão, um Sol a sorrir, árvores mais altas que as casas (brancas, com telhados triangulares e vermelhos), flores de todas as cores e andorinhas a voar, vindas das montanhas
BEIJA-ME!
O rádio a tocar, e o corpo balança na gravidade da Lua. Quero gargalhadas e gelados de caramelo e chocolate intenso; uma esplanada cheia, um pôr-do-sol e as estrelas.
Estou a dormir consciente:
O céu é púrpura que se move
E na mesma não sou gente,
Apenas um grito de fome;
Rasgos de infância criativa
Com lápis-de-arco-íris
E nuvens brancas numa folha…
…mas, por vezes, cinza apenas…
Agora quero repousar naquele mundo que inventei em tempos ingénuos. Quero nuvens de algodão, um Sol a sorrir, árvores mais altas que as casas (brancas, com telhados triangulares e vermelhos), flores de todas as cores e andorinhas a voar, vindas das montanhas
Tacteia-se no nervoso miudinho
A criatura medonha de expressão vazia
E num sorriso rasgado de histerismo
Não se reconhece sem a fantasia;
A chuva arranha a janela
E ela grita e rasteja pela casa
Com as paredes a derreterem
Na sua própria cara.
A criatura medonha de expressão vazia
E num sorriso rasgado de histerismo
Não se reconhece sem a fantasia;
A chuva arranha a janela
E ela grita e rasteja pela casa
Com as paredes a derreterem
Na sua própria cara.
No fim são apenas miragens. Quase se tocam – cruzam-se em silêncios inconscientes com a verdade. Farão de mim gente? Apenas algo omnipresente. Aquela vontade de ser um e não dois para depois criar algo mais.
Em mim, nem as miragens se completam.
Em mim, nem as miragens se completam.
1 comentário:
Eu sei o que te leva a ter essas miragens =D
Está muito bom! =)
Bjs****
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