A solidão, um banco de jardim vazio, voltado para o rio que passa sem esperar que o acompanhem. Todo o silêncio de uma fria manhã onde o corpo pede a ausência de si mesmo, a pouca vontade de se dar à vida.
Segue o seu caminho cobrindo-se de névoa e folhas secas que vai deixando cair na esperança de ser encontrado. Mas leva-as o vento.
O seu barco não tem encanto, não se deixa levar na liberdade de um sorriso e as palavras não se soltam ao medo de naufragar. De madeira tosca, ondula contra a margem solitária do rio que o acaricia, mas nunca leva.
É pedra que chora na nudez da sua alma, feita de sonhos fantásticos, mas que nunca deixam de o ser. São grandes as vontades, cegas porém. Até o mármore estala.
Depois é o tempo que não pára um momento. Que horas são? Os ponteiros furiosos parecem lanças que trespassam os sonhos e a fantasia. E, no fim, o tempo não existe, é apenas um conceito inventado para trair de modo inconsciente tudo aquilo em que acreditava.
Descansa agora o pôr-do-sol e a areia fria nos pés, um olhar para o recomeço de outras lutas, outras feridas para sarar. O mar dá-lhe força e a lua coragem, pois é apenas um ser que não acredita no amor dos humanos. Descansa agora a rebentação das ondas, como que rebeldia, num despertar de sentidos.
E tudo porque o mundo é um teatro e os seus olhos a janela aberta para a descoberta. Não se entende a decorar papéis (pré) definidos, e as marionetas com que dança cansam-no de tanto atrofio e fios que se emaranham e transformam em nós difíceis de libertar.
O que restou deste ano? Palavras amargas? Feridas a arder com o toque quente do sal? Também. Mas será só isso? Então recorda aquele sorriso escondido e a mão estendida. A música a dissolver a mente e o corpo que se solta ao seu ritmo. O sol quente na pele e um cigarro à beira mar; o mergulhar do corpo na espuma branca e os cabelos molhados ao pôr-do-sol. A descoberta de outros mundos, outras vidas, outras histórias, outros caminhos, outras pontes.
Restou um novo olhar, uma nova procura pela própria existência. E as palavras podem-se sempre reinventar, ainda que por capricho, mas em busca dá sua própria verdade. Deixa então a porta aberta para que a metamorfose de um novo ano não esqueça o que aprendeu. Até porque as alegrias ajudam-nos a viver, mas as tristezas a crescer.
UM ANO NOVO CHEIO DE NOVAS FONTES DE ENERGIA
FELIZ 2009
1 comentário:
Um 2009 em cheio!! ;)
Abraço.
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