sábado, março 21, 2009



À semelhança dos deuses

Inventei-te à semelhança dos deuses
No fogo da fantasia de um qualquer dia
Em que me procurava na cor púrpura,
Na espuma branca que naufragava
Onde o tempo a consumia por vaidade.

Abraça-me na ausência das palavras,
Faz-me esquecer a carne e o sangue,
A vontade e o desejo mundano.
Faz-me renunciar aos sentidos do corpo.

São teus estes olhos perdidos na guerra
E meu este pequeno músculo frenético:
Um molusco sem concha, entre chamas!

Inventei-te à semelhança dos deuses
Para te ver partir num barco de fogo…

…para me cobrir com um manto de silêncio.

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