domingo, abril 04, 2010



Lembrar hoje, construir amanhã…?

O império é na sua mente um comum abrigo inflacionado, tudo o resto são pequenos blocos coloridos pela criatividade de cada um. Não vive de sonhos porque sempre que os abraça são de areia a esvair-se nas suas mãos vazias. Disse-mo enquanto murmurava as gordas de um jornal datado, sem nunca me olhar nos olhos. Ambos sabíamos que era melhor assim, apenas palavras soltas para não nos embrenharmos na melancolia das nossas leituras incompletas.

Lembras-te de quando éramos pequenos? Tu construías os mundos que eu desvendava numa caixa de cartão. Mais tarde cantavas numa folha de papel as palavras que embebia em tinta-da-china. Lembras-te?

Agora procuramo-nos na janela embaciada da madrugada e nunca sabemos se nos veremos nela, ou se apenas o toque húmido e frio da sóbria existência. Já não se sonha ingenuamente. Amanhã dormiremos de janela aberta para deixar entrar um pouco de lua…

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