O Primeiro Mergulho
Dava de si o corpo mergulhado na sua agonia de existir, pobre gato boémio. Ver-se respirar em palavras licorosas de todos os dias, e agora escasseia o ar sob os pés inventados pela pobreza de um deus arrastado. A culpa não é da cidade que o abraça, não é a vida que o mata, é qualquer coisa que não se sente se não na sua insensata observação das sombras do mundo.
Hoje vi-o sentado num muro alto e branco, cheio de sol, de olhar cansado e pachorrento. Não me quis aproximar, ardia nessa luz de que sempre se escondera. Mais tarde circulava novamente, tentando-se ao destino de outras viagens. E depois desapareceu…
Este sal deu-me o corpo branco na rebentação das ondas, e o vento a abraçar a pele com um cheiro doce. Tão mais fácil conhecer a ingenuidade da vida numa gargalhada perdida num oceano, de mais ninguém. Como se pode esquecer o inesquecível? Como se pode adormecer conscientemente? Este paladar com um toque despreocupado na ponta dos dedos, enquanto se partilham histórias sobre o tempo. Correr foi diferente, foi ser livre. Ser-me livre…
Encontrei as suas palavras guardadas numa garrafa sem rótulo. Vou deixar a janela aberta para quando quiser voltar.
segunda-feira, maio 31, 2010
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