sábado, agosto 07, 2010



Túneis de sombra verde e cortinas douradas numa estrada seca; serpentes de luz hipnotizam, e no olhar, humilde palha ou cereais. Era o momento transitivo da viagem. Talvez pelo ronronar do vento numa nesga de vidro, segredos imperceptíveis, por desleixo ou exilo. Quem sabe a paisagem a contagiar os sentidos, as quintas de uma infância distante e todas as cantigas guardadas na memória ingénua. Os gestos são de cumplicidade e rebeldia a rasgar um sorriso, uma gargalhada, aquela música na rádio.
Por momentos era esta a viagem, talvez quando a cabeça apoiada no banco e as árvores e as nuvens a fugir, deixa-se de ouvir, apenas o respirar do tempo.

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