sexta-feira, outubro 30, 2009



Ousar ser Livre

Quem deu ao mar a sublime liberdade
De ser mais que o toque salgado num corpo quente,
O rugir a dissolver-se na espuma branca,
Quem a deu esqueceu a alma.

(Querer) Ir além da noção física que a carne envolve
Superar a fome e a sede
Os sentidos, a gravidade - (a civilização?)
Rasgar os preconceitos da língua!
Fluir apenas, como quem respira.

Quem se esqueceu de esquecer os “outros”,
Esses que nos vêem quando não os vê-mos:
Um olhar que se afasta, uma alma que se apaga
E prende mais um pouco…

Ousava ser o rebentar das ondas,
Ir além de todas as condicionantes e politiquices
Onde sempre serei mortal…
Mas quem deu ao mar a liberdade
Não esqueceu a arte de sonhar.

domingo, outubro 25, 2009



Era eu a fome contida no seu silêncio
Sem palavras a quem deixar o desespero;
Era eu por dentro:
Uma espécie de (des)construção maciça,
Sobreposta ideia (in)constante;
O segredar de um desejo próprio
De quem se desconhece mais que do mundo.

Era tantas coisas, e coisa nenhuma,
Um espelho embaciado e um corpo molhado
No seu sal, na aridez rochosa de qualquer falésia.
Era vertigem num céu de lua branca!

(Des)faço-me na penumbra das manhãs
E não me vejo senão em recatado caminho;
Escondo-me do fogo que respiro
Da (in)consciência de que existir é um gargalhada…

E eu que detesto circos e palhaços.