quinta-feira, fevereiro 17, 2011


...
Procuro na noite silenciosa
Palavras de um mundo sem rosto,
Um instinto vencido,
Despido na sombra de uma velha árvore,
Para que me seque o desejo
E nunca mais te veja morrer
Numa qualquer guerra sem nome…

sexta-feira, fevereiro 04, 2011



Opiniões e ideias, todos as sabemos ter. Talvez umas melhores que outras, talvez umas mais válidas que outras, contudo, o seu valor de verdade e sentido assume-se pela vontade de cada um.
Disse-me não acreditar em bondade ou maldade humana, mas sim na complexidade individual. Contudo, preferia idealizar-me desequilibrado, num acto de benevolência de “Joane, o parvo”, ao invés de um “Judas“, sacana, pela salvação da alma corrompida.
Ser humano é jogar pelos interesses e cobrar, de boa vontade, favores e recompensas, com mais ou menos postura e decência. O resto são interpretações pessoais. É opinião endereçada a quem a souber verdadeiramente ler.

terça-feira, fevereiro 01, 2011


Actos espontâneos, apetece ao entardecer, na ânsia de uma página por agendar.

O passo sempre apressado guiou-o àquele bar que outras memórias tinha, mas para se ver sentado, cheio de orgulho, numa mesa vazia. Com a primeira imperial vieram os projectos delineados numa folha de jornal, com música e outras vidas que julgava desconhecer. Deixou-se ficar para mais uma, enrolando os bigodes lúcidos, observava nos outros um pouco de gente, de si e das suas vontades.
O que alguns chamavam de lavar roupa velha, ele via como um acto de reciclagem de emoções. Rejeitar outro pela indisponibilidade emocional não obriga à fuga de tantas outras que o caracterizam. Alguns procurou, outros acenaram com um sorriso, e no final do dia tinha tudo, menos a rotina solitária do seu telhado.
Provou gelado com sabor a nata e morango e riu-se desse acto inocente, sentindo-se. Depois lembrou-se que não provava, era antes o degustar de um momento, tantas vezes encontrado nas próprias raízes; essas que tocam outras, que crescem numa tentativa de alcançar o mundo!
Confiou-me, nessa mesma noite, ser o felino mais feliz dos telhados de Lisboa, quase ronronando olhos cheios de lua. Na consciência da efemeridade desses actos quase instantâneos, fez-se prometer que, com empenho, alguma vontade e um pouco de sorte, faria dos sonhos de ontem os projectos de amanhã.

Talvez viesse a ter um nome, um nome só dele. Mas isso já é outra história.