segunda-feira, março 27, 2006




















Amanheceu nos campos da vida!

Hoje despertei de um sono profundo.
Abri os olhos e contemplei este mundo
Sorrindo para o céu azul suave
Enquanto ouvia o som da liberdade.

Percorri todos os campos da vida
E encontrei a flor que achava perdida:
Nunca me esquecerei do seu odor
Doce e ingénuo, com memórias de amor...

Hoje irei todas as sombras guardar
E escondê-las-ei no eterno esquecido
Para que ninguém as possa encontrar.

Hoje vou contar todas as estrelas
Deitado nas telhas do meu telhado,
Perguntando: quem mais estará a vê-las?

terça-feira, março 21, 2006




















O Amor e a Morte de um Sonho

Amor, que paladar acerbo mas tão mélico
Que seduz maliciosamente os imprudentes.
O teu lado sereno esconde a força bélica,
Destrutiva e sombria. Feres os inocentes.

Tomas-te conta do meu corpo sem pedir
E, inocente, deixei-me envolver cegamente,
Desconhecendo que mais tarde irias partir
Deixando-me as mágoas cravadas neste ventre...

Que consolação irei eu dar às memórias
Que neste coração continuam guardadas
Como belas, preciosas e valiosas jóias?

Amor, poderei não voltar-te a conhecer
E jamais ver contigo novas alvoradas.
Precinto que mais um sonho irei ver morrer...

domingo, março 19, 2006


Tempo Imenso

Penso no tempo e na sua imensidão
Enquanto sinto o vento que sopra forte
Contra o meu destino, oprimindo a sorte,
Escondendo-me amargamente a razão.

Que procuro então, se não força divina
Para que os meus sonhos possam despertar
E serem livres como o rebelde mar?
Quero a força para que a minha alma viva.

Espero-te no silêncio, escutando só,
Enquanto presencio a mudança eterna
Do tempo: a bela lua e o brilhante sol...

Escuto o avançar incessante do tempo,
Cuja resposta revela ser incerta,
Mudando, rebelde, num simples momento...

sábado, março 18, 2006


Este era um trabalho de casa de literatura portuguesa que consistia em fazer uma dissertação onde fizesse-mos um elogio à vida, apesar de todos os obstáculos.

A Vida


A vida é um bem precioso, uma dádiva que nos é dada. Ao longo deste nosso percurso vamos evoluindo e atingindo várias etapas. Se pensarmos que vai ser sempre utopicamente perfeita estaríamos a iludir-nos, porque nada na vida, nem mesmo a própria, pode ser perfeito, temos que ser nós a fazer com que seja “perfeita” aos nossos olhos. Mas serão os obstáculos unicamente destrutivos, ou será que nos dão algo de positivo?
Neste percurso a que chamamos vida, nesta grande viagem, vivemos experiências que nos podem marcar, sejam boas ou más. Problemas de saúde, familiares, trabalho, amor, entre outros, fazem-nos pensar que essa dor, que sentimos naquele momento, é eterna e que nunca seremos felizes. Daí perguntarmo-nos, por vezes, se valerá mesmo a pena continuar a viver e chegamos mesmo a questionar a nossa própria existência e qual o seu objectivo, que no parece inexistente. Mas, por incrível que nos possa parecer, depois da tempestade vem a bonança. Nesses momentos mais tenebrosos há sempre algo que nos “aquece e ilumina”. Normalmente são os nossos amigos, a própria família, o amor ou até mesmo uma paisagem.
Perguntamo-nos então, para que serviu todo este sofrimento, porque é que a vida nos coloca estes obstáculos que parecem não querer desaparecer? A vida coloca-nos estes obstáculos ao longo do nosso percurso, alguns causados por nós próprios, para que possamos ganhar resistências, crescermos e aprendermos. Se não existisse o mal, como saberíamos o que é bom?
A vida é mesmo assim, um ciclo de altos e baixos sucessivos. Mesmo que pareça que só nos acontecem coisas más, tal não corresponde à verdade. Temos que procurar dentro de nós próprios aquilo que pode mudar a situação e fazer com que nos sintamos melhor. A vida é a magia eterna, um misto de tudo e de nada, é a prova do equilíbrio. A vida é uma dádiva que nos foi dada e não deve ser desperdiçada. A vida é o que nós quisermos, basta acreditar e não esquecer que não vivemos só de sonhos.

quinta-feira, março 16, 2006


Escuto-vos Palavras

Escuto-vos palavras:
Que sapientes memórias
Me trazeis escondidas?
Serão antigas glórias?

Sinto a suave vibração
Do vosso celeste canto
Que acalma meu coração.
Soltem esse pesado manto...

Que segredos escondeis,
Palavras libertas,
Aos vossos devotos fieis?

Não revelem os segredos
Como páginas abertas:
Mostrem apenas os medos...

terça-feira, março 14, 2006















Olha, não é um sonho...

Foi naquele jardim,
naquele jardim onde vi
uma arvore morta.
Olha para ela agora:
a cor vestiu-a
e perfumou-a!
Olha como se pôs bela
só para te receber!
Se te sentares junto dela
consegues escutar o rio
e vê-lo não muito longe.
Não estás só,
ela trouxe-te amigos.
Não os ouves cantar?
Olha as borboletas:
umas no ar,
outras nas flores,
suspensas...
Parecem fadas!
Olha, o sol está a pôr-se
e com ele o céu
tinge-se de cores
laranja, purpura...
Escureceu...
Olha para a lua
resplandecente
neste céu estrelado...
Este é o sonho de uma vida,
não só da minha,
mas também da tua.
Será mesmo só um sonho?
Contigo não é,
é a eterna realidade
de um sentimento.

segunda-feira, março 06, 2006

(Este artigo foi elaborado em conjunto com a minha amiga e colega de liceu Baby Deluxe > http://www.bbdeluxe.blogspot.com/.)

A Sociedade e a Homossexualidade

Partimos do pressuposto que, em sociedade, nos dias de hoje, vivemos livremente e temos igualdade de direitos. Estamos, teoricamente, em evolução. Mas será mesmo assim? Retiremos então o véu para descobrirmos a derradeira verdade que nos mostra uma sociedade predominantemente conservadora, retrógrada, com ideias preconceituosas, moralista, que se rege segundo os dogmas da religião e tradicionalista. Reina nesta sociedade o ideal egocêntrico “standartizado” duma nova geração em que todos devemos agir em conformidade com o “normal”.
Mas afinal, o que se pretende designar como “normal”? O que é na realidade agir “normalmente”?
Pois bem, não existe o “normal”, pois esse “normal”, idealizado por mentalidades egocêntricas e conservadoras, não passa nem nunca passará de uma utopia criada para estipular o que a maioria prefere e a forma como essa mesma maioria acha que devemos agir para não sermos socialmente incorrectos, ou seja, diferentes, o que ideologicamente se pode chamar “anormalidade”.
Vamos partir do pressuposto que existem dois indivíduos: o indivíduo A, conservador e moralista, extremamente devoto à sua fé e “socialmente correcto”; e o indivíduo B, um homossexual assumidamente pagão, que luta por adquirir o que socialmente lhe é negado, ou seja, igualdade de direitos em relação aos heterossexuais, os “normais”.
O primeiro indivíduo, do alto da sua arrogância moralista, repudia o indivíduo B pois considera uma heresia o facto de este se achar no direito de, por exemplo, casar com outro homem pela lei de Deus. Para ele, o casamento é uma tradição social de origem religiosa, segundo a qual o homem deve unir-se em matrimónio com uma mulher, procriar e dar continuidade à raça humana.
Pergunta-se então o indivíduo B perante tanto preconceito, conservadorismo e fé nas interpretações da igreja das leis de Deus inscritas na Sagrada Escritura: por que motivo podem as mulheres perder a virgindade antes do casamento e, como se isso não fosse suficientemente pecaminoso, ainda entrarem vestidas de branco, símbolo de pureza da noiva, na igreja como se ainda o fossem? Como pode existir divórcio se, supostamente, perante a lei de Deus, só este os pode separar? Como pode o indivíduo A dizer que o casamento é uma tradição religiosa se esse mesmo homem tem relações com mais do que uma mulher ao mesmo tempo antes e até depois de se unir à sua eterna esposa pelas leis do matrimónio? Não temos nós igualdade de direitos? Porque mistura esta sociedade religião e Estado se são teoricamente duas realidades que se regem por leis paralelas? Se analisarmos a mesma Bíblia, em que se baseia o indivíduo A, diz que o homem nasce livre e com iguais direitos e, para além disso, diz também que devemos amar-nos uns aos outros, independentemente de quem seja esse outro, o que subentende que não tem necessariamente que ser homem ou mulher. Será então correcto humilhar, agredir e desprezar alguém por nutrir sentimentos por alguém do mesmo sexo e privar essas duas pessoas de contrair matrimónio se o seu amor é tão ou mais verdadeiro e puro que os outros? A resposta é, obviamente, não. Perante a lei desse mesmo Deus, somos todos iguais.
Posto isto, o indivíduo A contra-argumenta dizendo pura e simplesmente que a sociedade não está de todo preparada para enfrentar a realidade homossexual e que, portanto, não é urgente alterar a lei nem informar a própria sociedade sobre a verdadeira realidade homossexual, até porque existe uma grande percentagem de idosos no nosso país que consideram a homossexualidade uma infâmia, uma heresia, um atentado à moral, aos bons costumes e à normalidade.
Mas, vendo bem, será que existe um momento certo para “abrir os olhos” à sociedade? Não será isso impingir a essa mesma sociedade uma mentalidade ignorante, homofóbica e convencida de que B é diferente em tudo apenas por se sentir física e psicologicamente atraído por alguém do mesmo sexo? Não estará deste modo a própria sociedade a encobrir uma realidade que nem de agora é? Se olharmos para o passado, em termos históricos, os gregos e os romanos eram na sua grande maioria homossexuais e usavam a mulher apenas e unicamente para deixar descendência. Os próprios imperadores, que na sua época eram a entidade máxima, eram maioritariamente homossexuais. Alexandre Magno, o grande conquistador, era homossexual, o que só mostra que um homossexual não é nem diferente, nem muito menos alguém intelectualmente inferior ou anormal.
Vamos agora analisar estes dois indivíduos. Poderíamos representá-los, naturalmente, como personagens tipo da sociedade. Os indivíduos do tipo A acham por bem criticar os indivíduos do tipo B, desprezá-los e até mesmo agredi-los, tanto física como psicologicamente. Em termos reais e actuais de opressão à liberdade, temos o caso de duas mulheres que tentaram casar-se no nosso país e esse direito, o direito casar com a pessoa que se ama, foi-lhes negado. Neste caso temos uma oposição dentro do próprio sistema legislativo. Por um lado temos uma Constituição que diz explicitamente que ninguém pode nem deve ser discriminado por ser diferente, mas por outro temos uma legislação que expressa claramente a homofobia nacional, dizendo que apenas casais heterossexuais têm direito ao casamento civil. É, sem dúvida, contraditório e resulta na opressão à liberdade humana de dois seres humanos que nasceram da mesma forma que qualquer outro, sem qualquer anormalidade física ou psicológica. Pior é se pensarmos que ser-se homossexual nem sequer é uma escolha ou uma opção, como muitos teimam afirmar, mas algo que nasce com a pessoa.
Como exemplos de outros factos reais temos o acontecimento que se deu no Porto, onde um grupo de jovens, com idades compreendidas entre os treze e os dezasseis anos, espancaram um sem abrigo, antigo travesti e homossexual. O mais chocante é o facto de apenas um deles se poder sentar no banco dos réus para ser julgado justamente, pois por incrível que pareça só um deles tinha mais de dezasseis anos. Temos também a presença de comportamentos idênticos numa organização que se intitula de “skinheads”, organização essa que se manifesta contra tudo o que é diferente do pressuposto termo de “normal”, desejando até a morte a pessoas que nunca lhes fizeram mal nenhum. Diversas vezes esses grupos neo-nazis e sanguinários espancam até à morte homossexuais, como os jovens do Porto fizeram, e outras pessoas diferentes deles, como os negros.
Assim, concluímos que a nossa sociedade necessita urgentemente de sair da escuridão, deixar de pensar que existe realmente o “normal” e aceitar de uma vez para sempre que ninguém é diferente ou deve ser tratado de forma diferente apenas por ter uma orientação sexual diferente.

Vamos pensar um pouco mais nos dois lados da questão e sermos menos egocêntricos com quem é igual, por natureza, a nós?


quinta-feira, março 02, 2006















Viagem a um novo mundo

O mundo em que vivo já não tem cor.
É um limbo de onde só provém a dor;
Vivo neste ensurdecedor silêncio;
Espero por todo e nenhum momento...

Não há tempo neste mundo selvagem
Onde a vida é uma ridícula imagem
Pintada com aguarelas de luto;
Nada é definido, é apenas um vulto.

Neste mundo, o mar revolta a minha alma,
Sufoca o desejo e o espírito exalta,
E este sentimento de inquietude
Faz crescer o ódio na sua plenitude.

Cerrei os olhos, desejando fugir,
E a última lágrima senti fluir
Como um último toque de esperança
Depositando toda a confiança...

Como que num sonho, um Anjo surgiu
E toda a escuridão sucumbiu
Ao sentir a sua luz quente e suave;
Estendeu-me a mão rumo à liberdade.

Abraçou-me amável e docemente
Protegendo-me do mal envolvente
E voou levando-me a ver maravilhas
Que no coração eu tinha escondidas!

Mostrou-me mundos repletos de cor,
Mundos onde não há sinais de dor,
Mundos onde se escutam as canções
Que nos despertam novas emoções!

Quem me dera poder não acordar
E neste mundo mágico ficar,
A um Anjo, suavemente abraçado,
O mesmo que me deixou encantado.

Agora que sinto de novo o tempo,
Escuto a suave melodia do vento...
Inocente deixo-me adormecer
Nos seus braços – sinto o seu proteger...