terça-feira, janeiro 22, 2008


Procuro-te

Procuro-te na noite
O teu olhar, o teu toque
Espio o teu corpo despido
Procuro o teu calor
Mas a cama está vazia

Já não sonho com a vida
São apenas sombras
De uma causa esquecida

As sombras ganham forma
O medo cresce e o corpo estremece
Cria-se um monstro
Surge o que não quis ser
O que um dia se escondeu

Agora governa e finge
Mata mais um pouco de mim
Arranha a alma nua

Procuro-te na noite
As lágrimas cegam a razão
Já cansa procurar
Mas continuo, insano como antes
Porque a cama está vazia

sexta-feira, janeiro 18, 2008

The Little Mermaid - Ariel

My name is Ariel
And I want to be free
It is your sorrow
That has made a slave of me
Forgive me
Forgive me
But you are all I know
Forgive me for leaving

The day is breaking now
It's time to go away
I'm so afraid to leave
But more afraid to stay
Forgive me
For leavning
The sadness in your eyes
Forgive me

Let the wind and ocean water
Wash across your hands
Wash away a thousand footsteps
Wash us all away
Like sand

The sky has fallen
Now the earth is dry and torn
I know you're tired
From the violence of the storm

I love you
I love you
But you are all I know
Forgive me

Let the wind and ocean water
Wash across your hands
Wash away a thousand footsteps
Wash us all away

Let the wind and ocean water
Wash across your hands
Wash away a thousand memories
Wash us all away
Like sand

My name is Ariel

quarta-feira, janeiro 16, 2008


Dream Diary

I

Memórias Passadas

No topo de uma falésia enfrento as trevas de uma noite sem lua ou estrelas. O Mar chama-me e eu oiço os seus murmúrios trazidos pelo vento quente. Envolto numa capa branca, fito a rebentação das ondas lá em baixo. Soa mais alto, e uma luz surge, vinda das suas profundezas. O corpo enfraquece e deixa-se cair e engolir pelas águas agitadas. Abro os olhos. Espanta-me conseguir respirar. E a luz aproxima-se, envolvendo-me na inconsciência da sua origem.
Acordo no infinito sombrio, cujo solo preenche-se por uma fina camada de água. Estou só e despido do que me prende ao senso comum. Toda a solidão em que me encontro faz-me cair no desespero de existir. Abraço-me e deixo que as lágrimas façam parte do momento. Oiço passos que ecoam no meu pensamento. Sou eu. Não como sou agora, mas como fui em tempos, quando a minha alma ainda não tinha sido corrompida.
“Não chores. Não estás só!”
Aquela criança sorri para mim e estende-me a mão.
“Vem comigo. Quero mostrar-te uma coisa.”
E realmente mostrou. Imagens fizeram-se surgir, do mais longínquo inconsciente. Imagens do que já passou. De todos os momentos em que sorri e fui feliz. Cada vez mais rápido. E a criança limita-se a sorrir para mim, enquanto desvanece-se deixando-me só, mais uma vez. Ainda oiço a sua voz na minha cabeça:
“Não estás só.”
Abraço-me e deixo-me envolver pela luz que me faz despertar, para o fim do sonho.

terça-feira, janeiro 15, 2008


A Dor de um Mortal

Derivo na noite com a alma nua,
Procurando no céu as estrelas e a Lua.
Faz frio, o corpo vacila e deixa-se morrer;
Estou cansado desta busca eterna.
Sou como um mortal
Sem as asas que da luz vi nascer,
Feitas de sonhos sublimes e esperança…

Venda-me os olhos
Para que não veja a escuridão;
Esta dor que me abraça
Nas trevas dos meus medos
Faz-me insano, sem razão.

Quase que me sinto trespassado
Por mil espadas empunhadas
Pelas sombras amarguradas
De um coração devassado
Pelas mãos de quem o entreguei!

Fui presa de uma ser
A quem o amor e a carne não bastou
Para saciar a fome voraz,
Até a alma foi despida de sonhos
E amordaçada em espinhos de aço.

Chorei rios de prata,
Memórias que não preenchem o vazio;
Tempo que não te fez acreditar
No que mais sincero tinha para te dar;
Fizeste do eterno efémero;
Deixaste morrer a chama
Que iluminava o nosso caminho…

quinta-feira, janeiro 10, 2008


Paz Campestre

Cheguei. Ao fim de três longas horas de viagem, incómodas e apertadas pelo excesso de bagagem, ao som de rádios locais, alcancei o tão esperado destino. Tudo o resto ficou para trás, aquela ruidosa e monstruosa cidade e a rotina que me prendia com as suas correntes de aço, inquebráveis. Nem acredito que aqui estou, mais uma vez, sentado nesta pedra que já me conhece desde pequeno, aconchegado ao abrigo de uma figueira de quem o tempo já ninguém recorda. Parece que me aguardavam impacientes, pois estão como me recordo delas. Aqui não há buzinas, não há gritos, não há crianças a chorar. Não há correrias nem autocarros para apanhar. Tenho apenas o silêncio vivo da natureza que me envolve e abraça novamente, como sempre abraçou.
Que saudade tinha destas tardes de Agosto, tardes em que o canto da cigarra me faz reviver a nostalgia de outros tempos, tempos em que a minha própria inocência se misturava com a fantasia de que poderia aqui ficar na eternidade do tempo. Este é o meu santuário. Não conheço outro destino se não este, que me apazigua e me oferece momentos de reflexão, longe da intelectualidade que nos vicia. Nenhum outro me chama assim, sem palavras, apenas com as recordações que trago na memória. Aqui aprende-se com as sensações e com os sentidos que a natureza nos deu. Aprende-se a respirar.
Olho à minha volta. Não vejo ninguém. Apenas casas distantes, envelhecidas. Semeadas por montes e vales, aguardam serenamente por alguém que lhes conte histórias de outros mundos, de outras vidas que não as suas. Sabem que não virá ninguém. Deixaram-se ficar, com os poucos que nelas habitam, esquecidos pelos filhos que partiram, abandonando a terra que os viu nascer e que sempre lhes deu tudo aquilo que na verdade precisam. Mas, os que ficaram, não lamentam a solidão pois, na verdade, não estão sós. Têm muito mais que pessoas, algo que sempre lá esteve e que conhecem melhor que ninguém. Restringem-se a aguardar a morte, confiantes, com um sorriso na face e sem medos, porque morrer é renascer no eterno descanso que sempre aqui tiveram. Deram toda a sua vida para construir sonhos só seus, e o orgulho é infinito. São felizes. Eu, que venho de fora, de um mundo de cores cinzentas, e que penso ter tudo, por vezes não compreendo como podem ser felizes, sem bens materiais. Aí reside a grande diferença. Não é contentarem-se com pouco, mas é terem tudo o que realmente precisam, aliado à paz que o mesmo lhes oferece. Nós, fantasmas da cidade, pensamos que temos tudo, mas, na verdade falta-nos muito. Falta-nos abandonar o materialismo e encontrarmo-nos bem com aquilo que a natureza nos oferece. Nós somos infelizes, mas pensamos o contrário.
O Sol está tão quente que não há ninguém que se atreva a espreitar pelas portas de madeira e ferro já lascadas, ou pelas janelas de vidro fosco. Parece que toda a aldeia adormeceu, num sono profundo, pousando para uma enorme tela, pincelada de traços incertos por uma mão cansada e enrugada, que mistura, sem saber, todas as cores da vida que já passou.
São duas horas da tarde. Ainda me resta muito tempo até à hora de jantar e o almoço foi farto o suficiente para me deixar aconchegado durante as próximas horas. Sorriu para mim mesmo. É estranho. Toda esta calma me é familiar, mas sempre me parecera tão distante nos últimos meses em que me mantive ausente. Talvez seja por me ter deixado consumir pela sombria cidade. Mas agora não importa, posso ser eu novamente. Posso abrir de novo a mente e deixar-me seduzir pelas maravilhas que este espaço, este mundo utópico, me proporciona. Posso escutar os seus ensinamentos. Aprender a ser humano.
Uma pequena brisa aproxima-se, tocando nas flores silvestres que balançam suavemente. O meu olhar prende-se nas suas cores. Rosa, amarelo, branco, dourado, azul, verde. Perco-me em tanta diversidade. Parece que se movem com o esvoaçar ingénuo das borboletas. Sempre que pousam numa rústica flor fazem-na curvar-se, ligeiramente, voltando subir graciosamente. Depois, abrem as suas asas, salpicadas de tons castanhos, negros e brancos, exibindo-as, para as voltar a fechar, suavemente, sem pressas, mantendo a curiosidade de quem, como eu, as observa. Não têm onde ir. E tudo isto me consome e hipnotiza, levando-me a fantasiar um pouco. Por momentos, breves, mas profundos momentos, parecem-me fadas que pairam de flor em flor, procurando a mais bela, nunca tão bela quanto elas. Quase que as vejo sorrir, escondendo-se entre as pétalas, numa valsa lenta. Gostava de ser assim. Ser livre. Ser eternamente deste mundo, um mundo sem tempo ou movimentos furtivos. Não há dor no que vejo. E invejo-as, fazendo-me despertar, por tal sentimento, por equipará-las ao mundo real, ainda que ligeiramente atordoado. Nunca soube de alguma borboleta que chorasse. Limitam-se a viver, a fazer parte desta fantasia floral. Começam por não aparentar qualquer beleza quando nascem, para mais tarde se envolverem nos finos fios, que tecem lentamente, para poderem renascer. Pudesse eu, ainda lagarta, renascer como elas. Assim também eu seria livre.
Fecho os olhos e encosto-me ao enrugado tronco da grande e majestosa árvore. Sinto a fragrância do florescer da eterna paz invadir-me, provocando-me alguma sonolência. Até a respiração acalma e o coração descansa. Todo o meu corpo parece querer levitar. Sem se mover, tenta alcançar as nuvens de algodão que flutuam sobre si. Afinal já não quer ser borboleta, mas sim andorinha, para poder fugir do frio Inverno sempre que este ameaça aproximar-se. Poder viver numa eterna primavera e imortalizar os sonhos.
Volto a abrir os olhos. Continua tudo igual. Seguro num Pom-Pom Campestre e sopro-o para o céu azul. Observando os seus pequenos fragmentos seguirem a suave brisa que os guia, para que possam também renascer, tento aprender algo com eles. Inspiram-me. Tal como ele, também os sonhos, que, por vezes, julgamos terem sido destruídos, devem ser levados pelo tempo, ainda que dispersos em estilhaços, até que encontrem novas forças para renascer. Diferentes, talvez, mas com outra força, com outra vida. Na natureza, na vida, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Sábias palavras de Lavoiser, que agora recordo. É como a lenda da Fénix, que renasce das cinzas.
Decido abandonar este santuário por agora. Tenho saudade de ver o rio. Felizmente é perto e não terei de andar muito. Sigo as pegadas da memória. Conheço bem estes caminhos. Quase que os posso percorrer de olhos fechados seguindo o meu instinto. As silvas, pelas quais vou passando, estão carregadas de amoras, que protegem com os seus espinhos. Atrevo-me a roubar alguns destes frutos proibidos para que os possa degustar enquanto não alcanço o meu desejo. A vida também é como estas silvas. Temos de passar por espinhos, ultrapassá-los evitando que estes nos firam. Por vezes há um ou outro que nos é cravado, mas vale sempre a pena. O resultado é o doce fruto da concretização que, quanto mais difícil for chegar até ele, melhor irá saber. As amoras estão quentes, parecem pequenos corações. Talvez o sejam, corações que a natureza me entrega, para que não me sinta só. Este sim, é o amor genuíno, que não magoa, apenas quando chega a hora de partir. Mas não me vou preocupar com essa triste imagem por agora. Sei que ainda falta. Estou preso na eternidade, enquanto caminhar por estes trilhos escondidos, rodeado de flores e pinhais. A música é o balançar dos ramos, o cantar dos pássaros e das cigarras, os meus passos, a minha respiração e o suave batimento do coração. Esta sim é perfeita. Embala-me, fazendo o corpo esquecer as suas limitações físicas e quase flutuar até ao rio.
Já consigo ver o velho barco que se encontra na margem. Sempre o vi ali, parado, preso com a mesma corda de sempre, velha, mas robusta. Sento-me nele, fazendo-o baloiçar suavemente. Imagino como seria bom poder descer o rio nesta pequena embarcação. O rio parece coberto de cristais reluzentes, que ondulam. Vejo-me descer este rio de prata, vagarosamente, sem remos, sem leme, até onde ele me quiser levar. Não temo o meu destino. Afinal, sei que posso confiar-me, deixar-me ficar, nos seus braços. Uma suave brisa faz-se sentir. Sinto-a aproximar-se, pelo movimento das folhas das árvores que me fitam nas margens. Ao passar por mim, liberta-me de todos os fantasmas que ainda residiam na minha alma. E é como se me nascessem asas de luz, entregando-me a liberdade e a paz que sonhei em noites escuras e frias. Sinto-me mais leve que o próprio ar. Um novo “eu” renasceu. Está na altura de levantar voo. Abandono o velho barco, e sigo o meu instinto. O rio afasta-se devagar. Agora consigo visualizar todo este imenso mundo, o verde puro que se ergue para o azul, tentando tocar-lhe. Inspiro todo este etéreo mundo que se reflecte nos meus olhos. Vejo novas cores criarem-se. O céu tinge-se agora de tons laranja e rosa. Vejo-o esconder-se, descendo para trás das montanhas. Olho à minha volta. Tudo parece adormecer com ele. E, lá ao longe, vejo-me encostado à velha figueira, abraçando-me como quem abraça a vida.
Abro os olhos. Foi apenas um sonho, ou talvez algo mais. Já está a escurecer, mas não importa. Hoje bebi mais um pouco da doutrina deste mundo. Às estrelas, enquanto a Lua não se faz surgir, conto tudo o que aprendi. E elas ouvem-me, como sempre ouviram os meus desabafos. Também o ser humano devia ouvir. Mas não ouve, limita-se a praguejar as suas desgraças, culpando a má sorte, quando, na verdade, ele é o verdadeiro culpado do seu próprio fado. Levanto-me e acaricio a grande árvore. Conhece-me melhor que ninguém. Quase que a oiço respirar e sorrir para mim, ternamente. Despeço-me. Sei que, quando voltar, ela ainda ali estará, à minha espera, como sempre esteve.
Trabalho para a cadeira de Técnicas de Expressão Escrita I
Elaboração de um texto lento (de 4 páginas)

terça-feira, janeiro 01, 2008

Sailor Moon - Goodbye, My Lover

Para ti, ainda que a dor que me dás pareça eterna e a as lágrimas me ardam na alma.
Feliz 2008...