sexta-feira, junho 29, 2007


Numa Noite Escondida

Numa noite escondida
Solta-se um suave sorriso
Que rapidamente se dissolve
Entre emoções ingénuas
Trazidas pela cúmplice descoberta…

Ouvem-se sussurros discretos
Que denunciam a verdade;
Os corpos vacilam de desenho,
Mas não há contacto de pele,
Apenas palavras soltas…

…são como estrelas no céu!

Até onde poderei trocar sonhos
Numa distância de medos,
De vazio e de ausência?
Pudera eu ganhar asas
Iguais às tuas, fortes,
Para te poder alcançar…

…ser teu na eternidade.

Não poderei ser como desejo
Porque a alma sofre amordaçada,
Esperando que, um dia,
O conto de fadas se realize
Como que por magia…

quinta-feira, junho 28, 2007



Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade
- Sigmund Freud -
~ COMENTÁRIO ~

A escolha deste livro, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, de S. Freud, deveu-se à curiosidade que o mesmo me suscitou. Já tinha ouvido alguns comentários relativos ao mesmo, que diferenciavam consoante o locutor. Havia quem fundamentasse os seus argumentos, relativos à sexualidade, com algumas ideias deste livro, assim como quem o repudiasse.
É sem dúvida um livro interessante e de fácil leitura. Freud preocupa-se em nos transmitir as suas ideias num discurso simples, onde nos explica cada palavra científica ou termo que utiliza. Contudo, tive bastantes dificuldades em resumi-lo, visto que aparenta já ser um resumo e pela complexidade de informação.
Concordo com algumas das teorias apresentadas por Freud, como os impulsos parciais e as zonas erógenas, alguns aspectos da sexualidade infantil, nomeadamente a masturbação, a teoria da libido e algumas das transformações da adolescência a nível sexual.
Por outro lado, discordo e acho totalmente obsceno algumas das ideias de Freud, talvez por influência social da minha parte.
Começando pelo próprio título do primeiro ensaio, há algo que cria, na minha consciência, uma certa repulsa contra o que li de seguida: “aberrações sexuais”. Um homossexual não pode ser visto como uma “aberração sexual”, ou intitulado como “invertido”, ou como um “desvio” dos padrões do que chamam de “normal”. Gera-se, portanto, uma pergunta óbvia: o que é ser-se “normal”? Talvez a resposta, aos olhos de Freud ou da maioria das pessoas, seria: um comportamento que estivesse de acordo com a maioria dos indivíduos numa dada sociedade, com as “normas” estabelecidas por esta. Ainda assim acho um termo muito grosseiro para intitular um comportamento tão antigo e tão comum nos dias de hoje. Também acho absurdo afirmar que os nevrosados têm fortes tendências para serem homossexuais. Esta afirmação generalizadora pode levar-nos a pensar que, numa ordem inversa, grande parte dos homossexuais sofrem de problemas psíquicos graves. No meu entender, um homossexual tem tantas hipóteses de sofrer de algum problema a nível psicológico como qualquer heterossexual.
Outro dos aspectos em que discordo de Freud é pelo facto de ele transformar as crianças em seres detentores de uma evolução sexual perversa. A criança surge como um ser livre de toda a sua inocência. Quando Freud afirma que a criança busca o seio da mãe para obter prazer, tanto a nível alimentar como sexual. Penso ser perfeitamente natural que uma criança demonstre que está a sentir prazer por estar a chuchar no seio da mãe, mas não a nível sexual. Se a criança apresenta determinadas necessidades e se tem fome, tal como um adulto terá prazer quando satisfizer essa necessidade alimentar ou de ternura, que é o colo e o aconchego maternal.
Por fim, discordo quando Freud afirma que a educação dos rapazes por pessoas do sexo masculino pode originar o desenvolvimento da homossexualidade, assim como o facto de um dos pais desaparecer. Conheço pessoas homossexuais diferentes que foram educados apenas pela mãe ou por outro elemento feminino, apenas pelo pai ou por outro elemento masculino, tanto pelo pai como pela mãe, ou por outros familiares. Torna-se muito difícil estabelecer um padrão que possa ter originado a homossexualidade.
Para todos os efeitos, é importante salientar que muitas das teorias de Freud têm a sua razão de ser e que são, na minha opinião, verdadeiras. Não nos podemos esquecer que o pensamento da época em que viveu era diferente do actual e que tudo o que fugia aos padrões da “normalidade social” era considerado como uma “aberração”. Daí que estudiosos actuais tenham outra visão distinta, nomeadamente no que diz respeito à homossexualidade.

quarta-feira, junho 27, 2007


Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade
- Sigmund Freud -

~ CONCLUSÃO ~

Freud termina o seus três ensaios sobre a teoria da sexualidade com uma conclusão em que faz um breve resumo de tudo o que havia sido tratado anteriormente, explicando alguns conceitos como factores que podem conduzir a perturbações no desenvolvimento, constituição e hereditariedade, elaboração ulterior, recalcamento, sublimação, experiências acidentais, precocidade, factor tempo, perseveração e fixação.
Termina o seu livro confessando que as suas investigações sobre a vida sexual formaram uma teoria incapaz de explicar suficientemente os caracteres normais e patológicos da sexualidade.

sexta-feira, junho 22, 2007


Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade

- Sigmund Freud -

~RESUMO~

[3ª parte]

3

As Transformações da Puberdade

Com o início da puberdade surgem transformações que conduzirão a vida sexual infantil à sua forma definitiva e normal. É dado agora um novo fim sexual, na realização do qual todos os impulsos parciais cooperam, enquanto as zonas erógenas se subordinam ao primado da zona genital. Este novo fim sexual determina também evoluções sexuais divergentes.

I – O primado das zonas genitais e o prazer preliminar
O desenvolvimento dos órgãos genitais fazem com que estes possam ser postos em actividade, por meio de excitações que podem nascer de três formas diferentes: ou provêm do mundo exterior pelo estímulo das zonas erógenas, ou procedem do interior do organismo por caminhos ainda desconhecidos, ou têm por ponto de partida a vida psíquica que se apresenta como um reservatório de impressões exteriores e um posto de recepção para as excitações interiores. Estes mecanismos manifestam-se por sintomas de ordem psíquica ou somática.
As zonas erógenas servem para criar, em consequência de uma excitação apropriada, uma certa soma de prazer, ponto de partida do acréscimo da tensão que, por sua vez, deverá fornecer a energia motora necessária para o acto sexual.
Segundo Freud, o prazer preliminar apresenta um certo perigo, relativo à realização normal do acto sexual, visto que pode tornar-se excessivamente grande enquanto a parte de tensão permanece excessivamente fraca.

II – O problema da excitação sexual
Quanto à origem e natureza da tensão sexual que acompanha o prazer no momento da satisfação das zonas erógenas, Freud admite que o prazer e a tensão sexual não estão ligados de uma forma directa, mas sim indirecta.
Existem indícios que permitem estabelecer uma conexão entre a tensão e os produtos genitais. O aparelho genital, ao longo da vida, liberta-se dos produtos genitais por períodos variáveis, mas com alguma regularidade; durante a noite, é comum realizar-se uma descarga acompanhada de uma sensação de prazer no decurso da alucinação de um sonho, representativo de um acto sexual. Para explicar este processo, Freud afirma que é possível sermos levados a pensar que a tensão sexual existe em função da acumulação de esperma nos reservatórios. Visto que quando as reservas seminais estão esgotadas não se consegue obter prazer, verifica-se que é necessário um certo grau de tensão sexual para que as zonas erógenas possam entrar em estado de excitação. Para todos os efeitos, estes comportamentos não podem ser consideradas em crianças, mulheres ou em homens castrados.
A parte intersticial das glândulas genitais produz matérias químicas de um carácter particular que levam certas partes do sistema nervoso central a um estado de tensão sexual.

III – Teoria da libido
A libido é uma força quantitativamente variável que permite medir os processos e as transformações no domínio da excitação sexual. Para além de um carácter quantitativo, a libido apresenta um carácter qualitativo.
Através da análise das perversões e das psiconevroses, Freud chegou à conclusão que a excitação sexual não provém unicamente das partes genitais, mas de todos os outros órgãos. Forma-se, então, a noção de uma quantidade de libido cujo representante psíquico seria aquilo a que se designa por a libido do eu. Uma vez que a libido do eu não é acessível à análise assim que se apodera de objectos sexuais, quando se torna libido objecto, Freud concluiu que seria necessária a concentração na libido objecto.
A libido do eu, destacada dos seus objectos, fica suspensa em condições particulares de tensão e reentra no eu. A transformação da libido do eu ganha importância quando se trata de explicar perturbações profundas de natureza psicótica.

IV – A diferenciação dos sexos
É no período da puberdade que se vê aparecer uma distinção nítida entre o carácter masculino e o carácter feminino. O desenvolvimento das inibições sexuais realiza-se muito cedo nas meninas, encontrando menos resistência que nos rapazes. Estas têm uma maior tendência para o recalcamento sexual. No entanto, a actividade auto-erótica das zonas erógenas é a mesma para os dois sexos.
A puberdade, que no rapaz leva ao grande impulso da libido, é caracterizada na rapariga por uma nova vaga de recalcamento, sendo que o que é recalcado é um elemento da sexualidade masculina. Este recalcamento sexual leva a que tenham as zonas erógenas mais insensíveis.

V – A descoberta do objecto
Durante o período de latência, a criança aprende a “amar” outras pessoas para que possa ver satisfeitas as suas necessidades. Esse “amor” é o reflexo das relações estabelecidas com a mãe durante o período de aleitamento, onde o objecto sexual era a sucção do seio materno. O facto da criança se mostrar insaciável na sua necessidade de ternura dos pais é, segundo Freud, um dos melhores presságios de um nervosismo interior; por outro lado, serão os pais nevropatas que, pelas suas carícias, despertarão na criança as predisposições para as nevroses. São estes comportamentos que mostram a hereditariedade das nevroses de pais para filhos.
É formada na criança uma barreira contra o incesto na medida em que, apesar de existir a predisposição da criança em escolher as pessoas que amou, a maturidade sexual ganhou tempo para edificar esta barreira através dos preceitos morais. Contudo, nos casos de psiconevrose, a actividade psicossexual em busca do objecto permanece no inconsciente.
Aquele que evitou uma fixação incestuosa da sua libido não fica, por isso, liberto da sua influência. Daí ser comum que, na primeira escolha de um objecto sexual, o adolescente escolha algo à imagem da sua mãe ou do seu pai.
Apesar da influência exercida pela sociedade, o homem pode ganhar tendências para a inversão. Esta é explicada por Freud no sentido em que o jovem, na sua infância, se tenha despegado muito cedo da sua mãe. Nos casos em que um dos pais desapareceu, a criança incide todo o seu amor na pessoa que lhe ficou. Existem também os casos em que é observável a não concretização da fase de Édipo, em que a criança cria uma certa hostilidade para com o elemento paterno.

quarta-feira, junho 20, 2007



Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade
- Sigmund Freud -
~ Resumo ~
[2ª parte]
2
A Sexualidade Infantil
I – O período de latência sexual durante a infância e as suas interrupções
Ao nascer, a criança trás consigo predisposições sexuais que evoluem durante algum tempo e que, depois, sofrem uma repressão progressiva, interrompida por surtos regulares de desenvolvimento ou paragens em consequências das particularidades do indivíduo.
Durante o período de latência criam-se inibições sexuais, causadas pela educação de uma sociedade civilizada. É natural que as tendências sexuais da criança continuem a existir no período de latência, mas que sejam desviadas para o seu uso próprio e aplicadas a outros fins.

II – As manifestações da sexualidade da criança
A criança pode manifestar comportamentos sexuais através da sucção ou do auto-erotismo e, em alguns casos, o puxar e agarrar o lóbulo da orelha de outra pessoa. O acto de chupar absorve toda a atenção da criança, adormece-a e pode mesmo levá-la a ter reacções motoras, numa espécie de orgasmo. Tal faz com que as crianças passem, muitas vezes, da sucção à masturbação.

III – O fim sexual da sexualidade infantil
O fim sexual do impulso da criança consiste na satisfação obtida pela excitação apropriada da zona erógena que a mesma elege como sendo a que mais lhe dá prazer estimular. O fim da sexualidade é substituir a sensação de excitação projectada na zona erógena por uma excitação exterior que a acalme e crie um sentimento de satisfação.
A zona erógena pode mudar consoante os conhecimentos fisiológicos adquiridos.

IV – As manifestações sexuais masturbatórias
A situação anatómica da zona anal torna-a própria para apoiar uma actividade sexual sobre uma outra função fisiológica. As frequentes perturbações intestinais das crianças alimentam, nesta região, um estado de excitabilidade intensa. As crianças que utilizam a excitabilidade erógena da zona anal revelam-se na retenção das fezes, fazendo com que a acumulação das mesmas provoquem contracções musculares intensas que, ao serem repelidas, provocam excitação. Um sinal de um futuro comportamento bizarro de carácter ou nervosismo é quando a criança, sentada na bacia, se recusa a expelir as fezes para obter, assim, um maior prazer. A retenção das fezes resulta na obstipação, frequente nos nevrosados.
Existem três fases* na masturbação infantil. A primeira corresponde ao período de aleitamento, no qual a criança obtém prazer quando mama no peito da mãe, um prazer que vai para além da satisfação alimentar. A segunda ao curto período de desenvolvimento da actividade sexual, por volta do quarto ano. Nesta, o onanismo do lactente parece desaparecer após um certo período e, quando persiste até à puberdade, pode dar origem a um desvio importante no desenvolvimento do indivíduo. Durante esta segunda fase da criança, a excitação sexual do período de aleitamento volta. O renovamento da actividade sexual está submetido a influências determinantes, endógenas e exógenas.
A criança, em consequência de uma sedução, está predisposta a actos perversos, que encontram resistências psíquicas. Nestas circunstâncias a criança comporta-se com o sedutor como se não tivesse, ainda, sofrido influências da civilização.
Por muito predominante que seja o papel desempenhado pelas zonas erógenas, compreende componentes que a levam a procurar, desde início, outras pessoas como objecto sexual. Entre estas componentes, Freud menciona as que levam as crianças a gostarem de ver e a serem exibicionistas, assim como o impulso para a crueldade. A criança, livre de pudor, mostra, nos anos da primeira infância, um prazer em descobrir o seu corpo e, em contrapartida, curiosidade em procurar ver as partes genitais de outra pessoa.

(* a terceira fase corresponde à puberdade)

V – As investigações sexuais da criança
Na época em que a vida sexual da criança atinge o primeiro grau de desenvolvimento (do terceiro ao quinto ano) começa a surgir o início de uma actividade provocada pelo impulso de procurar saber, não dependendo este exclusivamente da sexualidade. A sua actividade corresponde, por um lado, à necessidade de domínio e, por outro lado, utiliza como energia o desejo de ver.

VI – Fases do desenvolvimento da organização sexual
A primeira organização sexual é a pré-genital, na qual as zonas genitais ainda não impuseram o seu primado. Nesta fase, a actividade sexual não está separada da ingestão dos alimentos. Numa segunda fase pré-genital, sádico-anal, o elemento activo parece constituído pelo impulso de domínio, ligado à musculatura, e o passivo será representado pela mucosa intestinal erógena.
Segue-se a ambivalência, a qual pode substituir e exercer o seu domínio durante toda a vida.
A escolha sexual será feita em dois tempos, por dois surtos. O primeiro surto começa entre os dois e os cinco anos, ficando suspensa por um período de latência, caracterizando-se pela natureza infantil dos fins sexuais. O segundo surto começa na puberdade e determina a forma definitiva que a vida sexual há-de tomar. O adolescente não pode fazer a escolha de um novo objecto sexual senão depois de ter renunciado aos objectos da sua infância e quando uma nova corrente sensual aparecer.

VII – As fontes da sexualidade infantil
As investigações realizadas por Freud sobre as origens profundas da sexualidade demonstram que a excitação sexual nasce: pela reprodução de uma satisfação experimentada em relação com processos orgânicos não sexuais; por excitação periférica das zonas erógenas; pelo efeito de certos impulsos cujas origens são desconhecidas, como os impulsos de ver e de crueldade.
As zonas erógenas encontram-se mais ou menos por toda a epiderme. As sacudidelas e os movimentos rítmicos, provocam excitações diferentes, daí as crianças gostarem de certos jogos, como o baloiço, de serem embaladas para adormecer e até mesmo andar de transportes. A actividade muscular exercida livremente é, para a criança, uma necessidade da qual tira um prazer considerável. Muitas pessoas verificam que sentiram uma primeira excitação do aparelho genital durante as lutas corpo a corpo visto que, para além da tensão de todos os músculos, veio juntar-se a acção excitante dos contactos da pele do adversário. Este comportamento pode também dar origem a um impulso sádico.
Os processos afectivos também se reflectem na sexualidade ao atingirem um determinado grau de intensidade, assim como o trabalho intelectual.



Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade

- Sigmund Freud -



Irei apresentar, em diferentes post's, um resumo detalhado desta obra e respectivo comentário. Fiz este trabalho para a disciplina de Psicologia, o qual foi classificado entre os melhores de toda a turma e o melhor resumo da obra em si. O resumo está dividido por ensaios e respectivos capítulos. Espero que gostem.

~ RESUMO ~



1

Aberrações Sexuais

I – Desvios relativos ao objecto sexual
Freud intitula os homossexuais de invertidos, apresentando três tipos de inversão: os invertidos absolutos, cuja sexualidade tem como objecto sexual indivíduos do mesmo sexo; os invertidos anfigénios, mais conhecidos como bissexuais, cujo objecto sexual pode variar entre indivíduos de ambos os sexos; os invertidos ocasionais, sendo esta determinada pela ausência de um objecto sexual normal ou pela influência do meio.
A inversão pode manifestar-se desde muito cedo, fazendo com que não nos lembremos de quando se manifestou pela primeira vez, ou até mais tarde, podendo durar toda a vida ou ser momentânea. É também visível uma certa oscilação entre o objecto sexual normal e o objecto sexual invertido. A libido orienta-se muitas vezes para a inversão após uma experiência dolorosa feita com um objecto sexual normal.
A inversão, inicialmente, foi considerada como sintoma de uma degenerescência nervosa congénita, devendo estas duas afirmações serem julgadas separadamente. Segundo Freud, apenas podemos falar em degenerescência quando se encontra a inversão em indivíduos que não apresentam outros desvios graves ou em indivíduos cuja actividade geral não é perturbada, e cujo desenvolvimento moral e intelectual pode mesmo ter atingido um grau muito elevado. Também considera a inversão como sendo congénita, nos invertidos absolutos, mas devido ao facto de existirem outros dois tipos de inversão, também podemos admitir que esta é adquirida. Para todos os efeitos, nenhuma explica a sua natureza. Para a primeira hipótese, teríamos que admitir que a inversão é inata, ou seja, que existiria, ao nascer, um instinto sexual já ligado a um determinado objecto sexual. Na segunda hipótese coloca-se a questão de saber se as diferentes influências acidentais bastariam para explicar o carácter adquirido.
Na inversão não podemos admitir a teoria do hermafroditismo somático, visto que, em alguns casos, estão presentes caracteres de virilidade. Para explicar a inversão Freud aponta duas ideias a reter: temos de contar com uma disposição bissexual; não sabemos, porém, qual o seu substrato anatómico. Trata-se de perturbações que modificam o impulso sexual no seu desenvolvimento.
Nos invertidos, a criança pode tornar-se o seu objecto sexual quando este se torna cobarde e impotente, não sendo um comportamento exclusivo dos mesmos.

II – Desvios relativos ao fim sexual
Considera-se como fim sexual normal a união das partes genitais no coito, levando à resolução da tensão sexual e, por algum tempo, à extinção do impulso. No processo sexual mais normal encontram-se germes cujo desenvolvimento conduzirá a desvios que são descritos pelo nome de «perversões». As perversões consistem em fenómenos de duas ordens: transgressões anatómicas quando às partes destinadas a realizar a união sexual; paragens em certas relações intermediárias que, normalmente, devem ser franqueadas rapidamente para atingir o fim sexual.
As transgressões anatómicas são a «superestima do objecto sexual», o «uso sexual das mucosas bucais», o «uso sexual do orifício anal», os «substitutos impróprios do objecto sexual; feiticismo».
A fixação dos fins sexuais preliminares são a «formação de novos fins sexuais», «tocar e olhar o objecto sexual», «sadismo e masoquismo».

III – Generalidades sobre as perversões
Com o estudo das perversões, podemos ver que o impulso sexual deve luta contra certas resistências de ordem psíquica, sendo as mais evidentes o pudor e o desgosto. Um certo número de perversões estudadas apenas podem ser comparadas supondo a acção conexa de muitos factores.

IV – O impulso sexual dos nevrosados
Segundo a psicanálise, as psiconevroses (histeria, nevrose obsessiva) devem ser relacionadas com a força dos impulsos sexuais. A energia do impulso sexual constitui uma parte das forças que alimentam as manifestações patológicas, sendo também a mais importante fonte de energia da nevrose e a única que é constante. Um histérico sofre de um recalcamento sexual que ultrapassa a medida normal, sofre de uma intensificação no desenvolvimento das forças que se opõem ao impulso sexual (pudor, desgosto, concepções morais). Um indivíduo predisposto para a histeria torna-se histérico quando, depois da puberdade ou por efeito de circunstâncias exteriores, as suas exigências sexuais se fazem sentir de forma premente. Tal resulta num conflito que o levará à transformação das tendências sexuais em sintomas mórbidos.
Segundo Freud, em todos os nevrosados verificam-se, no inconsciente, veleidades de inversão, uma tendência em fixar a libido numa pessoa do seu sexo, assim como uma tendência para as transgressões anatómicas que se traduz em sintomas mórbidos.

V – Impulsos parciais e zonas erógenas
Freud designa “impulso” como sendo o representante psíquico de uma fonte contínua de excitação proveniente do exterior do organismo. Este encontra-se no limite dos domínios psíquico e físico. A fonte do impulso encontra-se na excitação de um órgão e o seu fim será a satisfação orgânica.
A importância das zonas erógenas como aparelho genital secundário (cavidade bucal e orifício anal) é notável, de forma particular, na histeria.

VI – Explicação do aparente predomínio da sexualidade perversa nas psiconevroses
Existem variantes no comportamento reverso dos nevrosos. Por vezes, o que caracteriza a nevrose é o nível inicial da disposição perversa, outras vezes será o nível atingido pela continuidade de uma derivação colateral da libido.

terça-feira, junho 19, 2007


Noites de Lisboa

Quantas noites viveu Lisboa,
Noites de boémia e loucura
Onde gerações se cruzam
Numa mistura de cores, álcool e música?

Foram tantas que já lhes perdeu a conta
De tão embriagada que estava…

São ruas de chão negro,
Negro como a noite,
Onde se atropelam sobras
Que riem sem saber a razão,
Entre vómitos, urina e lixo
Que fermentam nas esquinas.

Já não é o fado que se canta,
Choroso ou corridinho,
De portas abertas em nostalgia lisboeta;
São outras estranhas melodias,
Mais sensuais ou agressivas
Que se expressão em movimentos corporais
Bem vestidos (ou despidos) por sinal.

São noites de desejo sagrado…

Nestas noites de pecadores
Joga-se com a loucura,
Com o excesso e com o sexo
Fugaz e sem preconceitos.

quarta-feira, junho 13, 2007

Princess Tutu - Hold Me

A Dor de uma Fada

Pobre fada que danças
Nas sombras da inocência,
Numa eterna melancolia
De graciosidades vãs

Que crime cometeste
Para merecer tal castigo?
Terá sido pela beleza
Cobiçada pelo Mundo?

Porque não te soltas
Dessas cruéis amarras
Que te ferem a alma?
Queimaram-te as asas!

Pobre fada, abandonada
Por um povo que não sonha…

domingo, junho 10, 2007

Olá!
Venho informar que, muito em breve, estarei de volta. Pois é, as férias estão quase a começar, já só faltam os exames, mas entretanto virei cá dar notícias. Em princípio, na quarta-feira, já dou provas de vida.

Desculpem a minha ausência...