terça-feira, abril 19, 2011



…Só porque sim !

Faço-te de conta
Num oportuno instante
E tu, que me fazes de outras contas,
Quantas fingidas?

Sorri, porque não quer mais do que quer:
A subtracção enfadada de cuecas ao mundo.

É vergonha disfarçada,
Hipocrisias bonitas, coisas feias!
Não te gosto, não me gostas,
Faz de conta que sim…

domingo, abril 10, 2011


Saberia esconder-me no sussurrar do vento, na dança que provoca no verde das árvores que enchem os olhos de quem nada tem se não ás palavras que lhe oferecem, mendigas.
Sentei-me de costas para o mundo, só pelo prazer de me surpreender à sua mudança no momento em que decidisse partir. Entretanto, satisfaço-me com as vozes que se diluem entre si, nas suas vidas distantes, tão indiferentes como eu o sou.

Minto quando as tomo como indiferentes. Procuro nelas a familiaridade de fazerem parte de mim. A cada instante sou a fantasia de me aproximar delas e tocar-lhe como me tocam. No Horizonte procuro a semelhança de outros dias, dos quais faço hoje o luto do meu silêncio, na esperança de que, quando me voltar, já o mundo de ontem tenha sucumbido.

A metamorfose vem de dentro, com o desejo de rasgar o túmulo em que se encarcera o desejo da mudança. Não o fazer é sufocar lentamente, até morrer…

terça-feira, abril 05, 2011

O Prazer de não saber

Não sei onde te perdi,
Como me achei, mergulhado
Nessa tua sede sem vontade.

Nos vidros lambidos
De uma janela, desenham-se
Sombras sem gente
Iguais ao medo que se sente
Quando se desconhece.

Erro a memória, incógnito
E tudo o que oiço são gritos
Silenciados pelo pudor,
E tudo o que vejo são portas
Trancadas pela ignorância,
E tudo o que sinto é o ardor
De fracos desejos e horas mortas;

Não é ódio ou rancor
A roer-me a consciência, é outra dor,
Não a tua sede, não a minha fome
É qualquer jeito semelhante
Das coisas que finjo ser.

Céus sem cor flúem-me
Outros véus de efémera elegância
A morrer na minha história:

O prazer de não me ser…