sexta-feira, junho 27, 2008


Melancolia

Olho a pena adormecida no encanto
de ser eterna na sua leveza
e nas palavras manchadas de negro.
É submissa à vontade do criador;
arde na sua revolta embriagada
por desejos e sonhos adormecidos.

Gulosa, não me olhes assim!
A tinta com que te lambes inflacionou…
Bebe antes do meu sangue
que é amargo e quente como o vinho;
consome-o até que o corpo gele,
para que se liberte a alma da melancolia…

…de ser refém das amarras do tempo.

domingo, junho 15, 2008

I Need Love - Anime Mix

Arde-me a pele, arde-me a vontade, arde-me a alma e tudo o que vive na minha inexistência. Não sou mais que areia e pó da insanidade de ser gente, um ser humano, um mortal que se constrói e destrói em castelos de areia derrubados pelas vagas perdidas. E o corpo morre comigo, mais um pouco (de novo), para se desfazer na espuma das ondas e ser livre.
Não quero ser o sal que flúi e seca na pele queimada. Quero ser onda e percorrer o teu corpo quente e deixar parte de mim em ti, a essência que farás arder e extinguir indiferente.

sábado, junho 14, 2008


Gangrena

Dilaceram-se as memórias
Que se espalham sobre a alma
E ardem na ferida aberta,
Infectada de sentimentos e emoções.

Dói de mim uma parte do todo
Que vi fugir pela ponta dos dedos,
Suave como uma lágrima
Que gritava na ânsia de morrer.

E eu, que já morri tantas vezes,
Vejo escurecer a fantasia dos sonhos
Criados numa noite de faz de conta
À espera de ser lembrada…

segunda-feira, junho 09, 2008

Quero acordar da fantasia
Não mais ouvir vozes sinistras
Apenas o som do vento e do mar
Ser este corpo a espuma salgada
E a pele com cheiro a maresia

Colho os seixos da inocência
Que guardei em memórias vãs
Com as cores e as linhas do tempo
Das pegadas no areal
Que as ondas irão limpar

Já o corpo queimado e suado
Ferve de desejos com sede de serem
Um oásis nas dunas ancoradas
De uma praia sem nome ou vida
Para vir a ser lembrada

quinta-feira, junho 05, 2008


Assombro

A acidez que me percorre as entranhas
Borbulha na carne descoberta;
Rasga-me a pele e consome o meu sangue
Para que seja escravo insano
E que divague moribundo nas ruínas.

Velas acesas – fantasmas que dançam:
Riem e trocem e murmuram
Praguejam o desdém dos vivos.

A noite escasseia os sentidos
De quem deambula pelas lápides:
Uma tumba aberta contendo o nada
E o medo de quem a espera;
As sombras que se movem.

Uiva o vento – a Lua está cheia!
Dois olhos que surgem na escuridão,
Um esgar de malícia esfomeada…

AMV: I am Sailor Moon (Healing Vision)

Dar mais um pouco
Lutar mais um pouco
Sofrer o necessário
Sangrar a efemeridade
E a tentação de ser louco
Nas amarras da cidade

Um sonho preso
Na memória do tempo
Respira o vento
Deixa-te morrer
Renasce e vive outra vez
Sobrevive às intempéries
Faz de ti orgulho
Não dos outros
Mas de ti

terça-feira, junho 03, 2008


Nasci nos ventos da primavera, com os aromas do alecrim e do jasmim. Respiro e tacteio a essência dos ensinamentos de mercúrio. Sou filho da Lua, que meus sonhos guarda e aconchega, e do Mar, que me dá a força e a energia para sonhar. Os astros fizeram de mim um ser mutável, que oscila entre o bem e o mal, na sua forma bruta. Contudo, nunca deixei de ser mortal. Provei o sal dos meus olhos, beijados pela noite.

Sopro uma vela acesa e deixo que o meu desejo seja levado pelo fumo. Completei vinte e um anos de existência e memórias. Parece tanto, mas ao mesmo tempo tão pouco.
E quando penso em tudo o que foi, nos caminhos que segui, percepciono que todos aqueles espinhos e as marcas que me deixaram fizeram-me crescer mais um pouco.


O passado, o presente e o futuro.
A memória, a vida e o sonho.

Gosto de sonhar. Gosto de sorrir.
Gosto dos meus amigos. Gosto de amar.
Gosto de viver.