quarta-feira, dezembro 29, 2010



Lembras-te
Das palavras dos outros dias
Das promessas vagas
Contra o corpo?

Todas as vontades eram sonhos
Todos os sonhos eram teus
De mim nada restou.

Lembras-te
Desses outros dias
Em que o Tempo era feito de vontades
Improvisadas?

A partida sem destino
Porque era a viagem o sentido
De um rumo (in)certo.

Quanto de mim esperas
Quanto espera o mundo
De nós
Dos outros?

É a fé que os move
Por todos esses deuses
Tão humanos como o não somos.

terça-feira, dezembro 14, 2010



Desfolhando

São folhas de Outono
Todo esse ouro caído
Como beijos a ferir a pele
Tão minha, de mais ninguém.

Despem-se silenciosas
Em amargos gestos
De estranho pudor
Magros membros que escondem a dor
Tão minha, de mais ninguém.

E se outros olhos vêm morte
Além da dura casca
Será o ruir de frágil ambição?
Dir-te-ia ao ouvido:
É o meu coração
Tão meu, de mais ninguém.

Não é solidão
É um tempo que corre
Tempo que é meu
E de mais ninguém…