terça-feira, abril 05, 2011

O Prazer de não saber

Não sei onde te perdi,
Como me achei, mergulhado
Nessa tua sede sem vontade.

Nos vidros lambidos
De uma janela, desenham-se
Sombras sem gente
Iguais ao medo que se sente
Quando se desconhece.

Erro a memória, incógnito
E tudo o que oiço são gritos
Silenciados pelo pudor,
E tudo o que vejo são portas
Trancadas pela ignorância,
E tudo o que sinto é o ardor
De fracos desejos e horas mortas;

Não é ódio ou rancor
A roer-me a consciência, é outra dor,
Não a tua sede, não a minha fome
É qualquer jeito semelhante
Das coisas que finjo ser.

Céus sem cor flúem-me
Outros véus de efémera elegância
A morrer na minha história:

O prazer de não me ser…

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