quinta-feira, junho 28, 2007



Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade
- Sigmund Freud -
~ COMENTÁRIO ~

A escolha deste livro, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, de S. Freud, deveu-se à curiosidade que o mesmo me suscitou. Já tinha ouvido alguns comentários relativos ao mesmo, que diferenciavam consoante o locutor. Havia quem fundamentasse os seus argumentos, relativos à sexualidade, com algumas ideias deste livro, assim como quem o repudiasse.
É sem dúvida um livro interessante e de fácil leitura. Freud preocupa-se em nos transmitir as suas ideias num discurso simples, onde nos explica cada palavra científica ou termo que utiliza. Contudo, tive bastantes dificuldades em resumi-lo, visto que aparenta já ser um resumo e pela complexidade de informação.
Concordo com algumas das teorias apresentadas por Freud, como os impulsos parciais e as zonas erógenas, alguns aspectos da sexualidade infantil, nomeadamente a masturbação, a teoria da libido e algumas das transformações da adolescência a nível sexual.
Por outro lado, discordo e acho totalmente obsceno algumas das ideias de Freud, talvez por influência social da minha parte.
Começando pelo próprio título do primeiro ensaio, há algo que cria, na minha consciência, uma certa repulsa contra o que li de seguida: “aberrações sexuais”. Um homossexual não pode ser visto como uma “aberração sexual”, ou intitulado como “invertido”, ou como um “desvio” dos padrões do que chamam de “normal”. Gera-se, portanto, uma pergunta óbvia: o que é ser-se “normal”? Talvez a resposta, aos olhos de Freud ou da maioria das pessoas, seria: um comportamento que estivesse de acordo com a maioria dos indivíduos numa dada sociedade, com as “normas” estabelecidas por esta. Ainda assim acho um termo muito grosseiro para intitular um comportamento tão antigo e tão comum nos dias de hoje. Também acho absurdo afirmar que os nevrosados têm fortes tendências para serem homossexuais. Esta afirmação generalizadora pode levar-nos a pensar que, numa ordem inversa, grande parte dos homossexuais sofrem de problemas psíquicos graves. No meu entender, um homossexual tem tantas hipóteses de sofrer de algum problema a nível psicológico como qualquer heterossexual.
Outro dos aspectos em que discordo de Freud é pelo facto de ele transformar as crianças em seres detentores de uma evolução sexual perversa. A criança surge como um ser livre de toda a sua inocência. Quando Freud afirma que a criança busca o seio da mãe para obter prazer, tanto a nível alimentar como sexual. Penso ser perfeitamente natural que uma criança demonstre que está a sentir prazer por estar a chuchar no seio da mãe, mas não a nível sexual. Se a criança apresenta determinadas necessidades e se tem fome, tal como um adulto terá prazer quando satisfizer essa necessidade alimentar ou de ternura, que é o colo e o aconchego maternal.
Por fim, discordo quando Freud afirma que a educação dos rapazes por pessoas do sexo masculino pode originar o desenvolvimento da homossexualidade, assim como o facto de um dos pais desaparecer. Conheço pessoas homossexuais diferentes que foram educados apenas pela mãe ou por outro elemento feminino, apenas pelo pai ou por outro elemento masculino, tanto pelo pai como pela mãe, ou por outros familiares. Torna-se muito difícil estabelecer um padrão que possa ter originado a homossexualidade.
Para todos os efeitos, é importante salientar que muitas das teorias de Freud têm a sua razão de ser e que são, na minha opinião, verdadeiras. Não nos podemos esquecer que o pensamento da época em que viveu era diferente do actual e que tudo o que fugia aos padrões da “normalidade social” era considerado como uma “aberração”. Daí que estudiosos actuais tenham outra visão distinta, nomeadamente no que diz respeito à homossexualidade.

2 comentários:

Liliana Silva disse...

Quando tiver mais tempo prometo ler estes posts todos. Estou interessada.

Homossexualidade. Desde sempre existiu. Sempre! Em todas as Eras da História! Agora é que as pessoas são capazes de falar sobre isso abertamente. Mas também, só agora é que muitas pessoas são perversas o suficiente para acharem isso um desvio da "normalidade".

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Klatuu o embuçado disse...

Leitura fundamental! Vais para Psicologia?

P. S. Bruno, as fotos são da última Passagem de Ano em Dùn Èideann (Edimburgo), capital da Escócia... lá celebra-se assim; as gentes fazem uma procissão de archotes, que termina no holocausto da efígie de um Urso Sagrado.

Abraço.