quarta-feira, janeiro 16, 2008


Dream Diary

I

Memórias Passadas

No topo de uma falésia enfrento as trevas de uma noite sem lua ou estrelas. O Mar chama-me e eu oiço os seus murmúrios trazidos pelo vento quente. Envolto numa capa branca, fito a rebentação das ondas lá em baixo. Soa mais alto, e uma luz surge, vinda das suas profundezas. O corpo enfraquece e deixa-se cair e engolir pelas águas agitadas. Abro os olhos. Espanta-me conseguir respirar. E a luz aproxima-se, envolvendo-me na inconsciência da sua origem.
Acordo no infinito sombrio, cujo solo preenche-se por uma fina camada de água. Estou só e despido do que me prende ao senso comum. Toda a solidão em que me encontro faz-me cair no desespero de existir. Abraço-me e deixo que as lágrimas façam parte do momento. Oiço passos que ecoam no meu pensamento. Sou eu. Não como sou agora, mas como fui em tempos, quando a minha alma ainda não tinha sido corrompida.
“Não chores. Não estás só!”
Aquela criança sorri para mim e estende-me a mão.
“Vem comigo. Quero mostrar-te uma coisa.”
E realmente mostrou. Imagens fizeram-se surgir, do mais longínquo inconsciente. Imagens do que já passou. De todos os momentos em que sorri e fui feliz. Cada vez mais rápido. E a criança limita-se a sorrir para mim, enquanto desvanece-se deixando-me só, mais uma vez. Ainda oiço a sua voz na minha cabeça:
“Não estás só.”
Abraço-me e deixo-me envolver pela luz que me faz despertar, para o fim do sonho.

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