sexta-feira, novembro 09, 2007


Suspiro Vegetativo

Sinto-me cansado de tanto cinzento.
É esta cor cinzenta, feita de pedra
Que me rodeia e se inclina cobre mim
Como se me quisesse derrubar.

E como se não fosse de mais,
Nesta densa praga doentia
Ouvem-se gritos, ruídos tenebrosos,
Ensurdecedores de qualquer raciocínio!

Aqui até o ar pesa e o vento suja;
A chuva queima nesta selva infernal
Onde tudo é fútil e artificial!

Somos súbditos do tempo
Numa corrida de rotina desenfreada,
Esgravatando na sanidade por dinheiro.

Insano, vagueio neste assombro
Buscando um pouco de vida
Que não tenha sido corrompida
Por este estranho e sinistro sistema;

Até o escasso verde que encontro
Me cheira a fantasmas de plástico!
Não fosse o original causar alergias,
Porque o que sobrevive parece repugnar…

Talvez um dia a nossa Mãe se zangue
E mostre que a lábia do Homem não chega
Para mudar o castigo merecido;

Os avisos já não bastam a estas almas,
De tão loucas que se tornaram;
Já nem medo sentem – são vegetais.

1 comentário:

AFSC disse...

Mais um belo poema. Tens imenso jeito para a poesia. Um abraço. tudo de bom ;)