segunda-feira, dezembro 31, 2007


Sufoco

A noite consome-me a vontade de ser
E como uma maré afasta-me da margem,
Para o mais profundo e negro pensamento
Que alguma vez em mim surgiu,
Afundando-me no medo de viver.

E o corpo treme e vacila
Com o sufocante batimento do desespero,
Enlouquecendo a razão que resta em mim
Porque ousei o capricho de amar!

Rasgo a pele para que não me dê
Aos prazeres obscuros do desejo
E cravo na carne as palavras obscuras,
Para que não tas entregue;
Não quero ser igual aos outros.

Pudera eu arrancar o coração,
Consumido pelo fogo insano,
E espremer todas as vontades
Até que nada restasse deste enredo…

Peço apenas que na morte,
Se a pobreza alheia não o impedir,
Queimem este meu corpo,
Libertando a alma e suas memórias
Das correntes de toda uma vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

A força das palavras escolhidas é arrebatora e consome-nos as lágrimas. Foi assim que senti este sufoco, a incapacidade de chorar pela emoção criada. Um verdadeiro momento de beleza, o que me deixa inquieto por saber que a tua criatividade extrema surge nos teus piores momentos.