segunda-feira, janeiro 05, 2009



Consciência encoberta

Deito a cabeça na almofada
e conto as palavras do dia,
tão repetidas, tão cheias de medo.

E a contagem prossegue,
marcando o rosto adormecido,
diluindo o tempo em escassas horas,
em espasmos inconscientes:

envolve-se o corpo suado no lençol,
num rastejar latente à lua encoberta.
A respiração que se afasta,
o suspiro que se perde sombrio…

Odiosas palavras que ofereceu
o dia à (in)consciência de serem ditas!
Serão na verdade, verdade apenas?

Abro então os olhos
e vejo o tempo que me resta:
pouco. - Mais um cigarro que se acende…

2 comentários:

Carla Ribeiro disse...

Belíssimo... Uma sublime imagem traçada com palavras. Adorei!

Lord of Erewhon disse...

Não queimes o lençol, eu, volta e meia... quiçá é algum «desejo de morte»... ;)

Belo poema.
Abraço.