sábado, abril 25, 2009


Censuradas

Dizia palavras enquanto crescia
Algures entre espelhos ,
Palavras que depois perdia
Nos lábios mordidos receios.

Queria dizê-las em voz alta
Nas ruas de linho queimado.
Chão de sangue imundo!
Gritando fazerem falta
No silêncio de todo um mundo
Pela morte de um soldado de prata.

A boca que secava na madrugada,
A água que não vertia ,
A cabeça que doía:
O canto da velha cigarra…

Vão-se breves ouvindo
Desenhadas em marcha lenta
Quando a tenta a mão
E cobre-se de pó e terra
Amassando na boca o pão.

Mordidas são salgadas,
São sofridas e veladas;
Nunca ditas tempestuosas sílabas:
Umas magoam - outras são frias…

…Nunca ditas!

1 comentário:

Inês Bexiga disse...

não sei se o poema é de hoje ou não, mas escolheste um bom dia para falar em palavras censuradas... e o poema está muito bonito, apesar do sofrimento todo visual que causa.

Beijinho grande <3