sábado, agosto 15, 2009


Quase

O silêncio é infinito nos lábios de quem não ouve. Uma mistura química, o gosto quase doce a escorrer nas mãos quase frias. É o silêncio.
Um quase silêncio atrofia. O ranger de uma porta até que finalmente se dissipa com o estalar do trinco. Passos vermelhos no soalho escuro. Um quase que não é. Um quase resulta no zumbido da lâmpada, a pedra do isqueiro e um suspiro cinzento.
E tu olhas-me. Fecho os olhos para não me veres. Era um espelho. Os espelhos e o quase silêncio atrofiam. Ou é cá dentro que se contorce contra as paredes conscientes. Uma quase ironia que as palavras não sentem, é falso dizer que sim.

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