sábado, junho 24, 2006


Minha Doce Perdição

Pressinto algo a corroer-me as entranhas
Sem dar sinal de quando vai cessar:
É um nervoso miudinho e silencioso
Que pressente todos os medos escondidos.

Deixei-me envolver num manto de silêncio
Procurando um desejado sossego apaziguante,
Mas apenas colhi o seu amargo inverso.
Como é traiçoeiro o nosso destino!

Queria-me rodeado deste calor de Verão
Pois lá fora vejo a vida alegremente despertar,
Mas escuto, agora, loucas agonias perdidas
Em lamentos que eu próprio desconheço.

Aprendi no ardor desta minha pele
Que na verdade não somos nada:
Desconhecemos os nossos próprios sinais,
Perdemo-nos na insegura mudança...

Dizem que somos uma evolução permanente
Mas eu apenas vejo um relógio velho
Cujos ponteiros lentamente avançam
Devido a uma corda preguiçosa.

Será que amanha poderei ver o Mundo
Sem medos recomeçar a girar?
Sei que não, mas este coração gosta de surpresas!
Coitado, acredita que a esperança nunca morre...

Oh! Mas parece que já se deixou morrer!
Lá em cima dizem-me que não, mas até convém,
É bom chuchar o tutano de uma triste nação
Que já não tem para comprar o seu próprio pão...

2 comentários:

Liliana Silva disse...

E continua a ter esperança. Não a deixes morrer. Não podemos mudar o mundo, mas podemos melhorá-lo para nós. Sofremos, muitas vezes sem saber verdadeiramente o motivo, mas a verdade é que aprendemos muito com isso, mais do que aquilo que imaginamos, saímos mais vencedores que a dor.

:)

Sociedade mesquinha a nossa, pronta para sufocar os seres desde muito pequenos. Mas nós podemos sobreviver a isso tudo :)

Versos intensos, desta vez ^_^

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Inês Bexiga disse...

Oix manoooooo!
Olha tu ja sabes o keu axei do teu poema satirico...tá mto bom...mas...realment num pais e numa sociedad assim nao ha condiçoes!

Parabéns por mais 1exelente poema ;)

Adoro-teee! Bjs fofos *************