sábado, novembro 22, 2008



A Decadência e a Dor Solitária

Quero esquecer-me de mim e dormir,
Matar o corpo que nunca quis
Porque estou sóbrio e solitário num mundo
De pobres mendigos a mendigar o mau beber:
Os que pedem esmolas tornaram-se ingratos
E os que as dão arrogantes são.

A solidão tem em mim pena perpétua
E nunca me sinto livre de mim…

Mas não consigo dormir porque não esqueço,
Não esqueço existir sem sonhos
E no sono cansado não sonho com cor,
Somente sombras num grito perdido
Na noite em ausência de Lua,
Porque morreu ou não gosta de mim.

A necessidade de abandonar o pensamento
É proporcional à vontade de extinção…

A dor de pensar que existo nasce da mente
E não daqueles por quem me cruzo
Nas ruas sujas de carácter empobrecido;
Dói-me porque me iludo com a própria alma,
Porque sou desmedido e depois desmentido
Na ausente arte de sonhar.

Perco-me ao abandono a que me dou
Nas ruínas do meu castelo de cartas.

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