quarta-feira, novembro 12, 2008


Olhar de Lisboa

Lisboa,
Nobre Lisboa ,
Dás-te ao encanto e à descoberta,
À ruína e à tragédia
De um povo que esqueceu.
Como podem não sentir o desejo,
O desejo de errar,
Errar pelos trilhos calcetados de história?
E o grito das gaivotas
Que se aventuram ao Chiado?
Quase se confundem
No alarido das damas carpideiras.
Por momentos esqueço o ruído,
O ruído cinza sufocante
E embrenho-me nos sentidos
Oferecidos nas largas ruas pombalinas:
O cheiro da castanha assada,
Levada pelo vento,
E o doce das pastelarias de tradição;
As roupas e acessórios urbanos
A marcar um estilo de cor viva e despreocupada;
A dança de um pincel
ou pedaço de carvão
Na tela de uma fantasia mal paga,
Aquela estranha felicidade desmembrada;
Estátuas humanas que não se movem ou sorriem…
Tantos outros prazeres ou manchas
Que parecem alastrar apenas.
Respiro esta Lisboa de fachadas encardidas,
O vento perfumado dos miradouros
(alguns pouco têm de bons aromas).
Gostava de me poder afundar mais
Nesta essência de ser de Lisboa.
Talvez um dia,
Num outro passeio com luzes de Natal.

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