quinta-feira, outubro 14, 2004


Para trabalho de casa, a minha professora de língua portuguesa pediu-nos que fizéssemos o nosso auto-retrato, em verso, pois tínhamos estado a estudar auto-retratos de Alexandre O’neill e de Bocage. Depois de muitas tentativas, saiu-me algo que achei adequado mas ao mesmo tempo deprimente e melancólico. Espero que a professora, depois de ver e corrigir o meu auto-retrato, não venha falar comigo para me recomendar uma ida a um psiquiatra. Transcrevo então a minha humilde obra:


Sendo eu quem sou, nome da minha pessoa,
Bruno Moutinho há dezassete anos.
Nascido nesta grande e pesada cidade de Lisboa,
Olho-me ao espelho e observo todos os ângulos
Deste corpo magro e disforme.

Cabelos de um castanho tão escuro que dizem ser preto,
De uma indomável força avolumada.
Os olhos penso serem da cor da terra, se estiver correcto,
Pois espelhados são, como se cheios de água.
No meu marcado rosto da juventude,
Só sobressai um nariz de tamanho rude.

Noites escuras são aquelas em que me encontro
Só e gelado, perdido no tempo.
Sentindo-me neste mundo como um tonto,
Por deixar-me cair com o sopro do vento.
Só há algo que me traz um riso de felicidade,
A verdadeira força da amizade.

De que adianta breves momentos de prazer,
de sorrisos e entretenimentos,
se depois acordo e deparo-me
com um mundo de sofrimentos.

Assim sou eu perdido num mundo,
No qual não devia sequer ter nascido,
Por ser fraco, sensível e moribundo,
Desprezado, gozado e incompreendido.

Bruno Figueiredo Moutinho ©
Posted by Hello

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