terça-feira, julho 22, 2008


Ser gente (em estilo de canção)

Ser gente é ter no olhar a sedução ardente
E no sangue o gosto do vinho quente;
É ter a frieza de um não ao coração,
Jamais a um anjo caído estender a mão.

Ser gente em ti é ser mármore lustroso
E das lágrimas inocentes sentir nojo;
É saber manipular e metamorfosear,
Jamais as doces imperfeições elogiar.

E eu que canto, que não sou gente?
Serei sombra ou espectro certamente,
Pois se ao amor me entrego com ternura,
Dizes ser triste e insana desventura…

Ser gente aqui é guardar os punhais
E o veneno que se espalha nos de mais;
É ter na alma um sopro de gelo,
Jamais sonhar e arriscar o flagelo.

Ser gente agora é gritar p’lo mundo fora
E caminhar em curtos passos de cólera;
É saber matar sem meias palavras,
Jamais sentir as emoções descontroladas.

E este anjo, que não é gente,
Será humano? Não é certamente,
Pois se à dor se entrega na amargura,
Dizes ser tolo, com traços de loucura…

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