segunda-feira, julho 28, 2008


Espectros de Memória
Desperta o dia com promessas ancoradas num porto sem nome. As trevas afastam-se e até a sombra parece ter cor. Que mais poderia eu pedir que as ternuras madrugadoras? Aquele íntimo olhar e o beijo molengão. E enquanto tarda a preguiça, mais um abraço na clandestinidade de ser um só na partilha dos brancos lençóis que cobrem nossos corpos desnudados pelas carícias nocturnas. Ainda sinto o teu cheiro na minha pele e sobras de prazer.
Já se ouve o cantar dos pássaros e os primeiros raios de sol, que timidamente atravessam a janela aberta, fazem-me cócegas. As cores têm outra vida e a minha é feita de todas aquelas que conseguir inventar contigo.
Contudo ainda durmo. A ausência da tua respiração no meu ouvido diz-me que não tenho o teu abraço quente nem o teu forte batimento cardíaco. Chove lá fora e a janela está fechada. Não sei se já é dia ou se são as insónias. Apenas sei que não estás e isso enlouquece-me lentamente.
Saiu para a rua e, triste, deambulo na cidade, entre espectros de memória. Falta-me o teu jeito agridoce de ver o mundo.

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