quarta-feira, setembro 17, 2008


Horas mortas

Estasiam-me as horas mortas
Suspensas na cidade de cristal
Com sinos a tocar e pombas
E ratazanas e um rio imundo.

As pessoas são a negra expressão
De fingir a vida todos os dias;
Sombras entre o fumo e o pó
E os mendigos sujos de crude.

As pessoas morrem suspensas
Na cidade de cristal empoeirada
Com pombas a defecar nos sinos
Silenciosos nas muralhas.

E se olho para o céu de hoje
Farejo a cor morta de um azul
Imundo como o rio que o beija,
Como o crude e os mendigos.

Sobeja o aço quente de sangue;
O vermelho carregado que seduz
É dos lábios e escorre nas mãos
Que as pessoas piamente beijam.

A cidade de cristal tem sinos
E pombas e ratazanas e mendigos
E um rio imundo e fumo e pó
E sangue quente e aço e crude!

As horas mortas suspensas
São das pessoas perdidas
Que defecam dentro das muralhas
Fechadas, sombrias e silenciosas.

1 comentário:

Blood Tears disse...

há certasvidas que são utopias de cristal, prestes a quebrarem-se a cada momento, pois não aceitam a crueza e verdadeira faceta da existência....

Blood Kisses