domingo, fevereiro 11, 2007

"Inventem-se Novos Pais"

Daniel Sampaio


Li este livro para a disciplina de Psicologia, uma vês que tínhamos de ler um dos livros sugeridos pelo professor. Acabei por escolher este pois o título do mesmo fez despertar em mim uma certa curiosidade. Como o resumo que elaborei é um pouco extenso e segue-se ainda o comentário, irei dividir este trabalho em 2 partes. A primeira vai corresponder ao resumo do livro e a segunda ao comentário.
Espero que gostem.
I
Resumo


Neste livro, “Inventem-se Novos Pais”, o professor Daniel Sampaio procura ajudar os pais a interpretar determinados sinais que surgem na adolescência dos seus filhos. Não se trata de um livro dirigido apenas aos pais, mas também aos filhos adolescentes, para que possa existir entendimento entre ambos.
Em primeiro lugar, Daniel Sampaio apresenta uma carta, cujos destinatários são os pais que têm filhos adolescentes, na qual faz um apelo para que não se guiem pelo que era o antigamente e que, se possível, não sigam o que ele próprio escreve. Na sua opinião, os pais devem crescer por si mesmos e ter os seus próprios métodos.
De seguida, Daniel Sampaio apresenta-nos alguns retratos de jovens “tipo”: os “Amélias”, os “cromos do estudo”, os “última fila” e os “Rambos em casa, pigmeus na vida”. Os “Amélias” caracterizam-se por serem rapazes, dos 14 aos 16 anos, que frequentam sobretudo colégios particulares; ocupam os seus tempos livres com puzzles ou a comprar roupa; não fumam nem falam de sexo; usam roupas mais formais e, em vez de jogarem jogos com outros rapazes, fazem-nos com raparigas. Têm uma educação rígida, repleta de “rituais” impostos pela mãe e são muito disciplinados. São adolescentes que não correm os riscos essenciais para um desenvolvimento saudável na adolescência. Os “cromos do estudo” têm entre os 13 ou os 14 anos; têm notas elevadas a todas as disciplinas excepto a educação física, disciplina que odeiam; vestem roupas antiquadas e não são muito sociáveis, apenas com os professores. Em casa são exigentes e críticos, são o orgulho da família devido ás suas classificações na escola, não saírem à noite e não pedirem dinheiro. Daniel Sampaio afirma que estes casos são igualmente preocupantes aos dos alunos que tiram más notas, uma vez que é importante a sua integração no “mundo da adolescência”. Os “última fila” são essencialmente rapazes entre os 16 e os 17 anos que repetem sem cessar o oitavo ano de uma escola secundária. No fim do período já se encontram tapados por falas; sentam-se na última fila e perto da janela e, se o professor não for firme, iniciam uma série de procedimentos para provocar confusão nas aulas. Em casa, ou se fecham no quarto e só saem para comer ou passam a vida fora de casa. Para ajudar estes jovens, Daniel Sampaio afirma ser necessária a sua estimulação para o triunfo e não uma ida ao psicólogo. Os “Rambos em casa, pigmeus na vida” são jovens que repetem o 8º ou o 9º ano e que ameaçam constantemente interromper os estudos. Vestem-se de preto, usam brinco e botas pontiagudas; oscilam entre o haxixe e a heroína e consomem álcool. Em casa vivem num ambiente problemático, no qual procuram ser os reis e os senhores. São agressivos para com os pais. São, no fundo, falsos Rambos, pois escondem o seu vazio interior com uma zanga permanente que não deixa que ninguém se aproxime.
São apresentados alguns exemplos de como foi a educação dos actuais pais de filhos adolescentes, outrora também adolescentes, que viveram numa época de modelos educativos rígidos onde o espaço para emitir opiniões era praticamente nulo. Em contrapartida, os jovens dos nossos dias têm uma determinada liberdade de pôr tudo em causa, de fazer exigências com as quais os pais não conseguem lidar. São demonstradas as grandes diferenças a nível de vida e educação das diferentes gerações. Existem diversos equívocos perante a adolescência, como o facto de ser feita uma comparação entre os dois estilos de educação, pois os pais esquecem-se que as coisas são diferentes; no que diz respeito ao normal e ao patológico na adolescência, uma vez que grande parte das pessoas pensa que é próprio do adolescente um comportamento desorganizado e característico de uma psicose; o facto de se pensar que pais e filhos têm de ter as mesmas opiniões, a mesma visão do mundo e o não entendimento, da parte dos pais, que os filhos deixam de lhes pertencer, começando a ser mais independentes.
Existem uma série de comportamentos, pela parte dos adolescentes, que demonstram que estão a mudar e é importante não os deixar passar sem mostrar ao adolescente que se registaram estas pequenas mudanças. Daniel Sampaio apresenta algumas respostas que os pais devem ter, relativamente a determinado tipo de comportamentos. Nos casos em que os filhos ficam a dormir e não vão às aulas, é apresentada a solução de ser feita uma estimulação em vês de partir para procedimentos extremos. Quando estes faltam às aulas para ficarem em cafés (entre outras coisas) é importante que se entenda que, uma vez ou outra, é saudável; quando o processo se repete será necessário confrontar o jovem com a situação para o compreender e ajudá-lo a ultrapassar o problema.
Uma vez que as famílias de hoje têm pouco tempo, são raras as vezes em que se sentam todos à mesa a fim de partilhar uma refeição; inúmeras características deste comportamento podem levar ao que Daniel Sampaio designa por “síndrome das bandejas” e, para resolver esta situação, propõe que a família combine, pelo menos uma vez por semana, um dia em que possam todos reunir-se à mesa.
Para o adolescente de hoje, sair à noite e ir pela primeira vez a uma discoteca representa um passo importante para a idade adulta. Esse desejo leva a que os pais se inquietem, pois receiam pela segurança dos filhos. Os pais devem aceitar as diversões dos filhos e recomendar horários, idas em grupo, telefonemas, entre outras coisas.
Daniel Sampaio faz também referência à discussão necessária sobre as férias, para que pais e filhos cheguem a um consenso; à influência e respectivos aspectos positivos que o futebol e os concertos podem ter nos jovens; os namoros que não devem ser excessivamente controlados e repletos de perguntas indiscretas (onde são apresentadas algumas cartas como referência); ao efeito que as mentiras podem ter nas relações entre pais e filhos e a importância em acabar com as mesmas.
De seguida é-nos mostrada uma conversa sobre a adolescência actual, de Daniel Sampaio com os pais de dois adolescentes com cinco anos de diferença. Nesta é possível observar que o bom relacionamento familiar é possível, através da tolerância, da compreensão e de uma educação sem extremos nem disfuncionalidades.
É-nos apresentado dois casos de divórcio de casais com filhos. No primeiro é a mãe, Elisa, que fica com a tutela dos filhos, após muitos esforços e um longo processo no tribunal. O caso do divórcio de Elisa foi o facto do marido ser muito obsessivo e ciumento. Até o tribunal ter dado a tutela das crianças à mãe, estes dois irmãos, uma rapariga e um rapaz com três anos de diferença (sendo que a mais velha é a rapariga), estavam praticamente separados pois iam ficando cada um com o pai ou a mãe, trocando uma vez por semana. A rapariga era muito autónoma e o rapaz mais dependente da mãe. Ambos tinham o seu espaço e respeitavam-se mutuamente. Apesar do divórcio acabaram por ter um início de adolescência sem problemas. No segundo caso é o pai, Fernando, quem fica com a tutela dos filhos, com quem tem uma “relação de pele”, devido à sua grande aproximação aos mesmos.
Daniel Sampaio apresenta-nos um caso de um “Rambo artista”, um jovem de dezassete anos. Este começou por receber tratamento após ter ameaçado suicidar-se e ter batido nos pais. Toda a agressão apresentada pelo jovem devia-se ao facto dos pais não respeitarem o espaço dele, as escolhas e os gostos. Era uma família com um passado traumático, devido ao assassínio do avô paterno de Pedro quando o pai tinha apenas quatro anos, e ao suicídio do avô materno, experiência vivida por Pedro. O pai está sempre a criticar o Pedro e a mãe mete-se muito na sua vida. Todos estes comportamentos levam a que se gere um clima de agressão em casa. Ao longo das sessões de terapia familiar, estes vão aprendendo a respeitar-se mutuamente. O jovem é apresentado, por Daniel Sampaio, como “Rambo artista” uma vez que tem comportamentos agressivos em casa, mas demonstra também um grande gosto e interesse pela música, à qual gostaria de se dedicar.
Segue-se o caso de Carla, uma jovem de quinze anos que sofre de anorexia nervosa. Deu entrada no Hospital Santa Maria, no qual ficou internada por ter apenas 29kg, peso bastante baixo para a sua altura e idade, e por apresentar já amenorreia. Através de tratamento por terapia familiar, e não só, a Carla começa a recuperar; come mais vezes e já não tem medo de engordar. A família também sofre alguns problemas graves. A mãe protege demasiado a filha, não lhe dando espaço para crescer, e o pai passa pouco tempo em casa. Ao longo da terapia ocorrem algumas alterações, mas continua a ser necessária a mesma.
São-nos mostradas, também, algumas reflexões sobre a escola e a aprendizagem. Podemos constatar que alguns casos de insucesso escolar deve-se ao facto dos alunos serem apenas criticados por aquilo que fazem mal e raramente elogiados pelo que fazem bem. Isto pode levar a uma desistência pela parte dos mesmos, uma vez que sentem que não vale a pena o esforço.
O autor termina o livro com uma pequena conclusão, na qual demonstra alguns dos aspectos mais importantes da adolescência e os comportamentos mais correctos a ter em relação à mesma.

5 comentários:

Anónimo disse...

Já li vários de Daniel Sampaio! se leres mais, acredita que aprendes imenso. Eu leio sempre que posso e fico bem esclarecido.Abração pra ti e até breve...

Unknown disse...

Primo, não li o teu resumo completo (hoje ando um pouco sem tempo e sem inspiração pra leituras) mas prometo lê-lo em breve!!
Li este livro quando tinha a tua idade... é um óptimo livro, aprendemos imenso, sem dúvida!!

beijão

Anónimo disse...

gostei muito de ler o teu resumo sobre este livro..
tambem acho este livro muito interessante devido á sua qualidade e devido ao seu autor, que é dos meus preferidos...

macaw disse...

ola!
andava aqui a fazer uma pesquisa e vim ter ao teu blog! ainda não li o post sobre o livro de Daniel Sampaio, mas já deu para perceber que gostas! eu ja li esse e muitos outros livros dele e, quando estava em portugal, costumava ler o artigo que ele semanalmente escrevia na revista (agora falhou-me a memória, não me lembro, mas deves saber qual é... do público ou o expresso)
bem, mas vamos ao que interessa... o que eu realmente queria era perguntar-te se por acaso sabes se Daniel Sampaio tem um blog e se tem qual?!! eu adoraria continuar a ler o que ele escreve, mas pela internet nao tenho acesso a informaçao dos jornais e revistas na íntegra, é preciso pagar... pois...
se me puderes ajudar, agradecia imenso! fico a espera da tua resposta!
obrigada!

macaw disse...

Olá!
Obrigada de qualquer forma!

A propósito, bom trabalho aqui no blog... continua!

Lucia